O livro do futuro

O livro do futuro, apesar de todos os nossos livros, não pode ser escrito.

Não são só as papoilas que envelhecem depressa.

Também as borboletas são cada vez menos diferentes umas das outras, tornando as asas na cor da manteiga menos desnatada e amarela das butterflies.

O livro Sapiens: A Brief History of Humankind de Yuval Noah Harari é o livro mais rápido, inteligente e breve que já li sobre a nossa breve e violenta vida como seres humanos. Só as últimas páginas são tontas porque o autor tem 40 e tal anos e ainda está apaixonado ou amedrontado pelo futuro, achando excitada e erradamente (como todas as gerações até agora) que será mais importante e definitivo do que todos os futuros anteriores.

Todos os futuros anteriores fazem questão de conspirar para percebermos que não só não os podemos adivinhar como nos dão cabo das cabeças, desafiando-nos a desvendá-los, sabendo ambos (tanto o futuro como nós) que não podemos.

Harari diz a verdade, por muito ou pouco que custe. Claro que tem erros. O mais irritante - até por estar à beira de se tornar consensual - é a mania de dizer que a excepção prova a regra. Não. Se há uma excepção que foge à regra então a regra está errada e não tem direito a chamar-se regra.

A excepção prova a regra porque, não obstante ser muito diferente de todos os casos mais comuns, continua a corresponder às condições que provam a regra.

O livro do futuro, apesar de todos os nossos livros, não pode ser escrito. As borboletas, de todas as cores, estão sempre prestes a nascer e a voar.

 

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