O design, a criatividade e a economia nacional

Defendo o conceito de economia criativa, que deve ser estimulado pelas instituições de ensino.

O Design e a criatividade são hoje cruciais para a conceção de serviços mais eficazes e distintos, ao converter as necessidades das pessoas em oportunidades de mercado, a par do desenvolvimento de novos produtos ou serviços a partir de novas ideias.

A criatividade tem como efeito a flexibilidade de pensamento, a originalidade das ideias e a fluidez de expressão, potenciando, simultaneamente, a comunicação e a expressão pessoal, ao despertar a curiosidade e o espírito crítico e ao valorizar as manifestações lúdicas. Estes “benefícios” transformam-se em ativos fundamentais no desenvolvimento da economia nacional nas suas múltiplas vertentes.

A competitividade dos mercados, associada à evolução tecnológica e às tecnologias emergentes, obriga as empresas nacionais a procurarem novas propostas de valor acrescentado. O Design, a par do Marketing e da Publicidade e ainda da Fotografia, estão já a assumir um papel preponderante para a consolidação dessas novas oportunidades de negócio.

É por este motivo que defendo o conceito de economia criativa, mais abrangente do que a designação de indústrias culturais e indústrias criativas, que deve ser estimulado pelas instituições de ensino.

De acordo com os dados publicados em dezembro de 2015 pelo Instituto Nacional de Estatística, Portugal dispõe de quase 50 mil empresas cuja atividade principal se situa na área da economia criativa. Aliás, num momento adverso, em consequência do resgate a que o país se sujeitou, gerou em 2013 um volume de negócios de 4,4 mil milhões de euros, em que as agências de publicidade se evidenciam ao faturarem 18,6% do total do setor cultural e criativo, com destaque também para as atividades de televisão(10,6%), edição de livros (7,7%), atividades de arquitetura (6,4%), produção de filmes, de vídeos e de programas de televisão (6,3%), e ainda a edição de revistas e outras publicações periódicas (5,7%).

Quanto à população empregada nestes segmentos, ronda as 78,4 mil pessoas. Destas, 50,1% são do género masculino, 60,6% tinham entre 25 e 44 anos e 41,7% dispunham como nível de escolaridade completo o ensino superior, exercendo na sua maioria a sua atividade na área metropolitana de Lisboa, destacando-se os arquitetos, urbanistas e designers, que representam 30% no total das profissões culturais e criativas.

Só no ano de 2014, concluíram a sua formação no ensino superior 5155 estudantes, com especial evidência nas áreas do design e do audiovisual e produção dos media, num total de 3373 diplomados. Contamos, portanto, com mão-de-obra qualificada e temos fatores competitivos intrínsecos que nos permitem apresentar produtos e serviços passíveis de “lutarem” lado a lado com empresas de renome mundial. O que nos faltará? Defendo que o caminho passa por fazer da inovação uma bandeira assumida (e não um discurso teórico) do que é made in Portugal, não só no que diz respeito aos produtos e serviços, mas também aos próprios modelos de negócio e de gestão.

Reitor do IADE - Creative University, escola da Laureate International Universities

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