Jéssica Augusto aquém do esperado na maratona de Londres

Fundista do Sporting foi décima, a quase cinco minutos do máximo pessoal, numa corrida em que o recorde mundial masculino esteve por um fio.

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A Maratona de Londres foi, como é habitual, muito concorrida Andrew Boyers/Reuters

Jéssica Augusto, a correr a sua primeira época pelo Sporting, terminou neste domingo em 10.º lugar a 36.ª edição da maratona de Londres, obtendo o mínimo de participação olímpica, mas ficando claramente aquém do que esperava. Já quatro atletas portuguesas possuíam esse mínimo de presença no Rio de Janeiro, fixado em 2h32m30s, mas só três poderão estar nos Jogos, e Jéssica - que foi mãe a meio de 2015 e fazia a sua primeira maratona desde então -  apontaria para a obtenção de pelo menos 2h28m00s, que foi a marca com que Filomena Costa venceu a maratona de Sevilha do ano passado, já que Sara Moreira e Ana Dulce Félix têm registos superiores. Após culminar na meta com 2h28m53s, Jéssica assegurou que a Federação Portuguesa de Atletismo a possa inscrever nos Jogos (pode-se fazê-lo para quatro atletas), mas quanto a uma efectiva participação, essa será outra questão.

Jéssica Augusto partiu cuidadosamente, não embarcando na nau africana que levava oito atletas na frente e andou em bom ritmo até aos 15km. Aí teve uma cólica intestinal que a obrigou a entrar de emergência num estabelecimento comercial e essa légua, dos 15 aos 20km, ressentiu-se drasticamente do facto, tendo sido cumprida em 18m36, contra tempos que medearam entre 17m16s e 17m32s nas três primeiras porções de 5km. Depois, atravessou metade da corrida em 74m38s e a segunda parte da mesma levou-lhe apenas uns segundos a menos, pelo que o tempo final se saldou pelo mais lento de sempre para si em Londres, onde esteve pela sexta vez, estreando-se em 2011 com 2h24m33s, sendo sexta nos Jogos Olímpicos de 2012 (2h25m11s), desistindo em 2013 e acabando com o máximo pessoal de 2h24m25s em 2014.

Na frente, sete africanas andaram até muito para diante no comando, para depois ficarem duas sozinhas, a queniana Jemima Sumgong e a etíope Tigist Tufa, vencedora o ano passado. Seria Sumgong a escapar para a vitória, com 2h22m58s, Tufa fez 2h23m03s, a recordista mundial da meia maratona Florence Kiplagat (Quénia - 2h23m39s) fechou o pódio e uma recuperação sensacional permitiu ainda o quarto lugar à bielorrussa Olga Mazuronak (2h23m54s).

A corrida masculina foi simplesmente sensacional e o recorde mundial resistiu por um cabelo. Com os melhores de sempre em prova e contando-se com o regresso à maratona do recordista mundial, dos 5 e 10 mil metros, o etíope Kenenisa Bekele, estavam encontrados os condimentos para uma prova rapidíssima e, desde início, se andou em ritmo superior ao do recorde do mundo, com passagens um pouco loucas aos inicias 5km (14m16s) e 10 km (28m37s). Meia corrida foi atravessada em 61m24s e até aos 35km ainda se estava com vantagem sobre o máximo mundial, tendo o ritmo abrandado um pouco apenas quando ficaram dois na frente, os quenianos Eliud Kipchoge e Stanley Biwot. Kipchoge, na sua sétima maratona e já vencedor em Londres o ano transacto, atacou perto dos 40km, ganhou de imediato clara vantagem sobre Biwott, e o seu forcing final levou-o a reaproximar-se do máximo global do seu compatriota Dennis Kimetto (2h02m57s), finalizando a oito segundos, com 2h03m05s, segunda marca de todos os tempos. Aos 31 anos, Kipchoge é o mais duradouro dos fundistas mundiais de topo, tendo sido campeão mundial dos 5000m há 13 anos, em Paris, quando ainda era júnior…

No segundo lugar Stanley Biwott bateu o seu máximo pessoal para 2h03m51s, Kenenisa Bekele foi terceiro com 2h06m36s, o recordista mundial Kimetto apenas nono, com 2h11m44s.

Entretanto, também neste domingo de manhã, Ricardo Ribas conseguiu mínimo olímpico na maratona de Düsseldorf, na Alemanha, com 2h13m21s no quarto posto, um novo recorde pessoal, em corrida ganha pelo queniano Japhet Kosgei, com 2h10m46s.

 

 

Luís Lopes.

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