Políticos madeirenses negam "actos ilícitos" relacionados com os Panama Papers

Tranquada Gomes e Miguel Sousa, do PSD, reagem à divulgação dos seus nomes entre os clientes do escritório panamiano Mossack Fonsseca e garantem que não participaram em actos de "fraude fiscal"

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Tranquada Gomes desmente quaisquer “actos ilícitos” relacionados com o escândalo dos Panama Papers Gregório Cunha

O presidente e um dos vice-presidentes da Assembleia Legislativa da Madeira, Tranquada Gomes e Miguel Sousa, rejeitam qualquer envolvimento em “actos ilícitos” relacionados com o escândalo dos Panama Papers, depois da TVI e do Expresso terem divulgado este sábado documentos com o nome de ambos, entre os ficheiros da Mossack Fonseca que estão a ser investigados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.

“É uma ‘labreguice’”, disse Tranquada Gomes ao PÚBLICO, definindo a divulgação do seu nome como um acto de “sensacionalismo” próprio de um “jornalismo de sarjeta”.

A principal figura institucional da região autónoma, não nega que tenha o nome nas duas procurações divulgadas, mas argumenta que trata-se de um mero formalismo que advém do facto de o seu escritório de advocacia prestar serviços de assessoria jurídica a uma empresa de management. “Estamos a falar de duas procurações, uma de 1996 e outra de 2005, nas quais os meus poderes limitavam-se à requisição de número fiscal português, licenciamento da empresa no Centro Internacional de Negócios da Madeira e adaptar os estatutos da mesma à legislação nacional”, explicou, acrescentando que não se recorda de ter exercido qualquer mandato dessa procuração.

Também Miguel Sousa, vice-presidente do parlamento madeirense, garante que nunca fez uso dos poderes conferidos por esse documento. “Há 20 anos, data dessa procuração, era gestor da Madeira Corporate Services, e tudo o que fiz foi no desempenho dessas funções que muito me honram”, vincou ao PÚBLICO.

O deputado social-democrata garante que não cometeu “qualquer acto ilícito” e que se fosse hoje, faria tudo da mesma forma. “A zona franca já teve mais de seis mil empresas, e quase todas foram criadas assim”, explica Miguel Sousa, adiantando que aquelas procurações serviam apenas para a realização de actos notariais que fossem solicitados pelo dono das empresas.

Ambos os políticos contestam a forma como os seus nomes foram envolvidos neste caso. “Estão a ser misturados situações de fraude fiscal com outras perfeitamente lícitas e normais”, acusa Tranquada Gomes, lamentando que os jornalistas responsáveis pela investigação optem pelo “mediatismo dos nomes” em vez de procurar aqueles que realmente tenham cometido algum crime.

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