Madeira quer investir 20 milhões de euros num cabo submarino de fibra óptica

Governo regional vai candidatar-se ao Plano Juncker para obter financiamento europeu para instalar uma ligação a um cabo que irá da América do Sul à Europa.

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Funchal, ilha da Madeira Ricardo Campos

O Governo Regional da Madeira quer instalar um novo cabo de fibra óptica submarino, para o arquipélago não depender exclusivamente da Portugal Telecom (PT) no transporte de informação digital entre o arquipélago e o Continente. A obra custará cerca de 20 milhões de euros e integrará um projecto maior de um consórcio que vai pôr um cabo entre a América do Sul e a Europa. Mas Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, quer usar financiamento europeu para avançar com a construção do cabo.

“Temos de ter uma alternativa, não só de redundância mas também de aumentar o nosso potencial de acessibilidade tecnológica”, disse nesta sexta-feira de manhã Miguel Albuquerque, numa conferência de imprensa no Aeroporto do Funchal, ao lado do comissário europeu Carlos Moedas, que visitou a ilha a convite do governante e no âmbito do Roteiro da Ciência. “Há um entendimento por parte do senhor comissário (…) de que esta é uma iniciativa que se enquadra muito bem numa candidatura ao Plano Juncker”, acrescentou Miguel Albuquerque, explicando que o projecto teria de ser apresentado até Junho, numa candidatura que poderia ser conjunta entre o Governo Regional e entidades privadas.

Anunciado em 2014, o projecto o cabo submarino foi um acordo entre a empresa de telecomunicações estatal brasileira Telebras e a empresa privada espanhola IslaLink (que instala cabos de comunicação submarinos) e vai unir a cidade brasileira de Fortaleza a Lisboa, passando pelos arquipélagos de Cabo Verde e das Canárias. Custará, ao todo, 185 milhões de dólares (164 milhões de euros). Destes, 26 milhões de euros serão provenientes da Comissão Europeia. A colocação do cabo deverá ficar concluída entre o fim de 2017 e início de 2018. No projecto inicial, o cabo passaria a pouco mais de 100 quilómetros da Madeira.

“Aquilo que pretendíamos era uma derivação desse cabo para a Madeira”, disse ao PÚBLICO Eduardo Jesus, secretário regional da Economia, Turismo e Cultura. “Hoje, estamos servidos por um cabo directo de Portugal continental à ilha da Madeira e temos outro cabo que sai da ilha da Madeira, passa pelos Açores e volta ao Continente. Mas o facto de termos uma dependência única desse cabo tira-nos muita competitividade.”

Recentemente, a Autoridade Nacional de Telecomunicações (Anacom) obrigou a PT a reduzir o preço de exploração do cabo para metade. “Se tivermos uma acessibilidade duplicada, há-de se sentir o efeito no preço. Isto é um tema fundamental porque, dada a nossa condição geográfica, nós dependemos das acessibilidades aéreas, marítimas e tecnológicas.”

Por parte da Madeira, o investimento seria “de cerca de 20 milhões de euros”, disse o secretário regional, acrescentando que ainda não tem dados sobre quanto é que seria o custo para os contribuintes. “É um processo que ainda precisa de alguma maturação e de afinar estes valores”, explicou Eduardo Jesus. Para além dos 26 milhões de euros que a Comissão Europeia já irá pagar para o cabo submarino que passará ao argo do arquipélago, a Madeira pretende assim candidatar-se a financiamento europeu para fazer a ligação a até a esse cabo.

Para Carlos Moedas, a ligação do cabo ao arquipélago é “essencial” e vai ser importante “para ganhar a batalha digital na Madeira”, assegurou ao PÚBLICO o comissário da Investigação, Ciência e Inovação. Carlos Moedas passou a manhã de sexta-feira e toda a quinta-feira a visitar laboratórios e empresas na ilha no contexto do Roteiro da Ciência, que se iniciou em Novembro último em Coimbra, e consiste na visita do comissário a centros de investigação e empresas em várias cidades portuguesas, comemorando os 30 anos de entrada de Portugal na União Europeia, então Comunidade Económica Europeia (CEE).

“Um comissário representa todos os europeus e a ciência na Europa. Mas como português sinto que devo tentar estar presente em Portugal”, disse, explicando que no roteiro tem oportunidade de “ouvir os cientistas e dar-lhes o conforto de que eles têm alguém em Bruxelas que os ouve e pode fazer a diferença”.

O PÚBLICO visitou a Madeira a convite da Comissão Europeia

 

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