Abriu falência, mudou de nome mas sobreviveu

Um dos emblemas históricos do futebol italiano deu início à sua regeneração depois de ter batido no fundo

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Jogadores do Parma festejam o triunfo que lhes garantiu a subida aos campeonatos profissionais DR

O Parma está de volta. Pelo menos ao futebol profissional. O clube italiano que no Verão do ano passado foi declarado na falência e que por via disso desceu à Serie D do futebol italiano está de regresso aos campeonatos profissionais.

A confirmação do feito obtido logo na primeira época depois do descalabro ocorreu no passado fim de semana, depois de um triunfo por 2-1 sobre o Delta Rovigo, em pleno estádio Ennio Tardini.

Mas o Parma não se limitou a “regressar”. Fê-lo com estilo. Sem qualquer derrota e com 85 pontos somados, depois de 25 vitórias e dez empates em 35 partidas disputadas. Marcou 73 golos e sofreu apenas 15. Foi primeiro classificado num dos nove grupos que compõem a Série D italiana (quarto escalão) e, conforme prevê o regulamento, garantiu o apuramento à divisão superior directamente.

Em rigor, o Parma que agora está de volta não é o mesmo Parma que no dia 22 de Julho de 2015 viu ser decretada a sua falência por uma dívida superior a 200 milhões de euros que não foi capaz de pagar, apesar de nesse mesmo ano ter tido três presidentes, o último dos quais - Giampietro Manenti – chegou a ser preso acusado de lavagem de dinheiro.

Depois de ter batido no fundo, o clube que conquistou por duas vezes (1995 e 1999) a Taça UEFA (antecessora da Liga Europa), além da Supertaça Europeia (1993), três Taças de Itália e uma Supertaça italiana (todas colocadas à venda para ajudar a pagar dívidas a credores nos dias negros do emblema) renasceu do zero. Com a ajuda do presidente da câmara local, Federico Pizzarotti, e de um grupo de empresários da cidade, de onde se destaca o nome de Guido Barilla, dono de uma famosa marca de massas e molhos, o clube mudou de nome – passou de Parma Football Club para Parma Calcio 1913 – e rodeou-se de pessoas empenhadas na sua ressurreição.

O presidente é Nevio Scala, que treinou os “gialloblu” entre 1989 e 1996, um dos períodos de maior brilhantismo do clube. O treinador é Luigi Apolloni, antigo defesa italiano que jogou no Parma entre 1987 e 2000. O capitão é Alessandro Lucarelli, 39 anos, o único jogador da equipa despromovida em 2015 que se manteve (alinhou em 32 encontros) e que justificou a sua decisão com a frase: “Morri com o Parma e com o Parma quero renascer”.

Mas talvez tão importante como a recuperação destes antigos símbolos do clube tem sido o apoio dos adeptos. O jogo que assegurou a promoção ao terceiro escalão, por exemplo, teve 15 mil pessoas nas bancadas do Ennio Tardini e uma festa que depois se espalhou pelas ruas da cidade. Mesmo a competir no campeonato amador, o Parma contou sempre com a presença dos sócios. O clube manteve uma média de 8300 pagantes nos 18 jogos disputados em casa e vendeu perto de oito mil cativos para toda a temporada.

Para o fim da primeira fase da Série D ficam agora a faltar três partidas: Ravenna (dia 24), Bellaria Igea Marina (1 de Maio) e Sammaurese (8 de Maio). Depois segue-se uma segunda fase para definir o campeão da competição. Para o ano, o Parma terá uma vida mais complicada, já que apenas os líderes de cada um dos três grupos sobem, restando mais duas vagas para os play-off de acesso. Uma luta intensa que inclui outros clubes tradicionais de Itália.

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