Crónicas da semana: do “problema” gravidez ao cartão da cidadania

Começámos a semana a falar de Joana Vasconcelos, seguimos com um "problema" chamado gravidez e terminámos com a proposta de mudança do nome do cartão de cidadão feita pelo Bloco. Vale a pena reler estas três crónicas

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Joana, a benzoca, ou talvez não

"Se fosse eu levar o meu caderno para poder fazer desenhos, o meu iPad para ter toda a informação e fotografias, levava os phones para ouvir música, os meus lápis para fazer os desenhos, os meus óculos de sol, todas as minhas jóias portuguesas. Levava as lãs, a agulha para qualquer eventualidade e o meu iPhone." As palavras de Joana Vasconcelos na campanha "E se fosse eu" não caíram bem a muitos. No P3, o cronista Mário Barros deu voz à indignação e lamentou que a artista plástica tivesse falado como se estivesse à mesa do café com os amigos. Mas há quem tenha saído em defesa de Joana. Porque uma "pergunta estúpida", argumentou João André Costa , não merecia outra resposta. "Francamente, não podia estar mais de acordo com a resposta de Joana Vasconcelos e mais em desacordo com o modo como a pergunta tem sido feita, escola atrás de escola, figura pública atrás de figura pública", disse o cronista. E deixou até uma sugestão: "Porque não nos perguntam antes o que faria cada um de nós para solucionar o problema dos refugiados?"

“Experimenta engravidar e verás o que te acontece”

A história contada nesta crónica é menos singular do que devia — como aliás comprovou a bem recheada caixa de comentários. "Uma mulher perto dos trintas (ou já lá chegada) que pretende aumentar a família e, quando se dá a boa e alegre nova, a ameaça de um despedimento ou a sombra do desemprego paira de imediato sobre a existência da sua pré-família." É sobre este drama da geração de 80 — que é o drama de outras também — que Nelson Nunes escreve nesta crónica.

Chamar a isto “crónica” é sexista

O Bloco de Esquerda quer mudar o nome do cartão de cidadão. A razão: tem "linguagem sexista" e "não respeita a identidade de género de mais de metade da população portuguesa". O correcto, propuseram num projecto de resolução no Parlamento, seria chamar-lhe "cartão da cidadania". Nelson Nunes — outra vez Nelson Nunes — reagiu imediatamente: combater as "perversidades linguísticas" é importante, escreveu, mas "há buracos a tapar". O cronista propôs então uma solução: "Abolir para sempre as vogais "a" e "o" na terminação do substantivo. Assim não há chatices para ninguém." Nelson Nunes está ansioso para ver o "Bloque de Esquerde" assumir a sua neutralidade total de género. Uma crónica irónica? "Não admito que digam que este texto está cheio de ironia. Porque ironia é sexista: diz-se ironie."

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