Produção de azeite em Portugal subiu 75% e já é a maior desde 1961

Casa do Azeite revê em alta previsões para os próximos quatro anos. Alentejo já produz 76% de todo o azeite em Portugal.

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Novos olivais no Alentejo ajudaram a aumentar a produção Enric Vives Rubio

A produção de azeite em Portugal atingiu, em 2015, o terceiro maior volume dos últimos 100 anos e a Casa do Azeite, associação que representa produtores e embaladores de azeite, já reviu em alta as previsões de produção para os próximo quatro anos. Confirmam-se, assim, as previsões do INE de uma produção recorde de azeite e Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite, indica que no ano passado foi possível produzir 106 mil toneladas, mais 75% em comparação com 2014. Para encontrar valores semelhantes é preciso recuar a 1953 e 1961, anos de elevada produção.

Mariana Matos adianta que a previsão inicial era chegar às 100 mil toneladas em 2020 mas os bons resultados alcançados na última campanha agrícola levaram a associação a antecipar uma produção de 120 a 130 mil toneladas nos próximos quatro anos. “Isto se os investimentos que têm sido efectuados se mantiverem. Há ainda muito olival novo a ser plantado”, realça.
As estimativas agrícolas do INE já indicavam bons desempenhos no azeite. O instituto atribuía o resultado ao contributo “decisivo” dos novos olivais intensivos e superintensivos instalados no sul do país que, “em virtude de serem regados, puderam superar a falta de precipitação registada ao longo do ciclo cultural”. Este acesso à água, proporcionado pela barragem do Alqueva, compensou a “baixa produtividade observada em muitos olivais tradicionais de sequeiro do interior Norte e Centro”, continua o instituto noutra publicação divulgada em Março.

Mariana Matos acrescenta que a região do Alentejo é, em termos percentuais, cada vez mais importante e 76% da produção de todo o país já vem deste território. “Em 2007, os dados do Alentejo eram de 11 mil toneladas. É um crescimento muitíssimo significativo”, destaca.

Em termos globais, a área destinada a olival no país “não cresceu muito”, excepção feita à região alentejana que já tem 170 mil hectares ocupados com oliveiras, mais 25% em comparação com 2007/2008.

Mas a par do aumento do olival - muito impulsionado pela disponibilidade de água no Alqueva - o crescimento da produção também se deve à boa campanha de azeitona, ao contrário do que sucedeu em 2014. “Depois de um ano adverso, normalmente, segue-se outro de grande produção, o que juntamente com os novos investimentos criou esta produção significativa”, continua Mariana Matos.

Quanto aos preços, mantêm-se em alta e não há “grande perspectiva” de alterações. “É bom para a produção, mas do ponto de vista da comercialização é difícil. Dois dos nossos principais mercados de exportação, Brasil e Angola, estão com grandes dificuldades e isso tem um impacto significativo nas vendas”, sublinha. Pela primeira vez nos últimos anos, as exportações diminuíram em volume (-4%). “Brasil e Angola são os dois principais destinos de azeite embalado, absorvendo mais de 50% das exportações deste produto”, diz Mariana Matos. Mesmo assim, devido à alta de preços as vendas ao exterior, em valor, subiram 17% para os 436,5 milhões de euros. Sem a quebra em volume, o montante teria crescido ainda mais. 

Com a crise do preço do petróleo a impor um travão nas compras ao exterior, Angola importou menos 29% de azeite português no ano passado. Já o Brasil, que em Agosto entrou em recessão técnica, reduziu em 27% as compras. O país de Dilma Rousseff é o principal cliente das duas maiores empresas de azeite nacionais. Pesa 30% do negócio da Gallo, que obtém 75% da sua facturação fora de portas. Também é o maior destino do azeite da Sovena, através da marca Andorinha.

Apesar do aumento da produção de azeite, Portugal mantém a quarta posição entre os maiores produtores europeus, depois de Espanha (que lidera), Itália e Grécia. 

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