Chefes da PJ e militar da GNR ficam em prisão preventiva

Juiz Carlos Alexandre aplicou a medida de coacção mais gravosa a nove dos 15 detidos da Operação Aquiles.

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Juiz de instrução esteve a inquirir os 16 detidos desde quinta-feira passada. Rui Gaudêncio

O juiz Carlos Alexandre aplicou a prisão preventiva a nove dos 15 arguidos detidos na Operação Aquiles, incluindo os dois chefes da Polícia Judiciária (PJ) e o cabo da GNR suspeitos de corrupção. A decisão correspondeu ao pedido feito pelos procuradores João Melo e Vítor Magalhães, do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, que na tarde desta quarta-feira solicitaram a aplicação da medida de coacção mais gravosa para a maioria dos detidos, após sete dias de inquirições. 

A informação consta de um comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) divulgado uns minutos antes das 23h. "Os restantes seis arguidos ficam sujeitos a apresentações periódicas no órgão de polícia criminal mais próximo das respectivas residências", adianta a nota, que acrescenta que estes suspeitos estão ainda proibidos de sair do território nacional e também proibidos de contactar várias pessoas, nomeadamente os restantes arguidos.

O comunicado indica que, neste inquérito, estão em causa "suspeitas da prática dos crimes de corrupção activa e passiva, tráfico de estupefacientes agravado, associação criminosa e branqueamento". No processo, precisa a nota, "investigam-se associações criminosas que importariam cocaína proveniente da Colômbia, normalmente por via marítima e/ou aérea, produto que se destinaria a ser vendido em Portugal ou enviado para os outros países europeus, designadamente Espanha".

Estas redes "teriam o apoio de dois elementos da PJ, um deles actualmente na situação de reforma e outro ainda no activo". O apoio, diz a PGR, "traduzir-se-ia no fornecimento ilegítimo de informações acerca de investigações de crimes de tráfico de estupefacientes em curso, com a contrapartida de pagamentos, efectuados pelos traficantes envolvidos, aos elementos da PJ". O inspector-chefe que estava no activo contaria "com o auxílio de um militar da GNR".

Além dos três agentes, a PJ deteve na operação realizada na terça-feira da semana passada mais 12 homens, numa megaoperação que, segundo a nota do Ministério Público, implicou a realização de "cerca de 100 buscas domiciliárias e não domiciliárias em vários pontos do país, designadamente nas zonas da Grande Lisboa e do Grande Porto, em Setúbal, Torres Vedras e Braga". Nesta operação estiveram envolvidos três magistrados do Ministério Público, um magistrado judicial e mais de 300 elementos da Polícia Judiciária. "Participaram igualmente, no âmbito de cooperação internacional solicitada, magistrados da Audiência Nacional de Espanha e elementos do Cuerpo Nacional de Policia", completa o comunicado.

Os elementos da PJ são suspeitos de terem recebido milhares de euros de traficantes de droga. Pelo alegado suborno, terão travado investigações, ignorando suspeitas que não averiguavam e passado informações sobre investigações em curso. Além de elevadas quantias monetárias, os dois polícias terão também recebido outro tipo de vantagens patrimoniais, como casas. Os restantes detidos serão traficantes ligados a diferentes redes, parte dos quais terão corrompido os três agentes, que trabalhariam em conjunto.

Recorde-se que os suspeitos começaram a ser ouvidos na quinta-feira passada, no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa. Durante essa manhã, o juiz de instrução Carlos Alexandre identificou os suspeitos e começou a ouvir o primeiro detido em interrogatório.

Entretanto, a Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da PJ, que está a investigar este caso, informou na quinta-feira passada que nas 122 buscas de terça-feira foram apreendidos mais de 100 mil euros em dinheiro vivo, 25 viaturas, sete armas de fogo e 220 equipamentos electrónicos, entre telemóveis, tablets e computadores portáteis. A PGR adianta esta quarta-feira que também foi apreendida droga.

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