Queima das Fitas de Coimbra mantém garraiada sem “novilhada”

Movimento mantém contestação e defende o fim da utilização de animais no evento

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O espectáculo que vai substituir a novilhada envolve o touro, sem lhe tocar, diz o dux da Universidade de Coimbra DR

Este ano, a garraiada da Queima das Fitas de Coimbra não vai ter a habitual “novilhada” no Coliseu da Figueira da Foz. A decisão foi tomada pelo Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra (UC) na noite de quinta-feira, 7 de Abril, tendo sido aprovada uma proposta alternativa que visa “salvaguardar os direitos dos animais”, disse o “dux veteranorum” da UC, João Luís Jesus, ao PÚBLICO.

Apesar da alteração, a proposta foi aprovada com a condição de “manter um aspecto tauromáquico”. A “novilhada popular”, ou seja, a parte que incluía as farpas, bandarilhas, toureio a pé e a cavalo, desaparece do evento, por troca com outro. “Para substituir vai haver um espectáculo”, afirma João Luís Jesus, em que profissionais “fazem acrobacias por cima do touro, desviam-se e fazem saltos mortais”. “Envolve o touro, mas não lhe tocam”, explica.

O “dux” adianta ainda que, tal como já acontecia nos anos anteriores, a “vacada”, em que os estudantes fazem pegas amadoras, será mantida, mas a organização vai “criar regras e restrições de modo a que não haja demasiados estudantes dentro da arena”, para “salvaguardar a integridade do animal”. Com estas alterações, a garraiada mantém “o ambiente tauromáquico, mas acaba com a violência gratuita”, entende.

Para o movimento Queima das Farpas 2015, que em 2015 lançou uma petição online pelo fim da garraiada, esse é o problema. O movimento considera que, mantendo a vertente tauromáquica, estas alterações são insuficientes uma vez que não retiram os animais do evento.

Ana Bordalo, da Queima das Farpas, avalia assim as conversações tidas com os responsáveis da Queima das Fitas como uma “perda de tempo”. O objectivo do movimento é haver uma “alternativa ao uso dos animais e o que eles propuseram foi uma forma alternativa de usar os animais”. A activista explica que, ao longo das reuniões, sentiu que havia abertura para retirar os animais da garraiada, o que acabou por não acontecer. À semelhança do que aconteceu no ano passado, a Queima das Farpas admite manifestar-se contra o evento. O “dux” realça que “não há sequer contacto com o touro” e que “todos aqueles que são contra tudo o que seja tauromaquia vão sempre contestar”. O veterano refere ainda que “foram tidos contactos com todas as sensibilidades sobre o assunto para perceber como se podia evoluir”.

Em Fevereiro, a Queima das Fitas do Porto anunciou em comunicado o fim da integração da garraiada na semana festiva já a partir deste ano, invocando já não ser representativa dos estudantes.

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