Bélgica confirma que Mohamed Abrini é "o homem do chapéu"

Suspeito, detido na sexta-feira, foi acusado de "assassínios terroristas" - com ele se prova a ligação entre os atentados em França e na Bélgica.

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AInda não se sabe se Abrini é o "homem do chapéu" Reuters

Mohamed Abrini, considerado um dos suspeitos-chave dos atentados de Novembro em Paris, é o "homem do chapéu", ou seja, o único sobrevivente dos três bombistas que atacaram o aeroporto de Bruxelas, a 22 de Março, confirmou neste sábado a procuradoria-geral da Bélgica. O belga era o último dos principais envolvidos nos dois ataques que ainda escapava às autoridades europeias. Foi já formalmente acusado de "assassínios terroristas".

Após semanas de especulação, sabe-se agora que é ele que surge vídeos de segurança do aeroporto de Zaventem – que foi com o metro da capital belga um dos dois alvos dos ataques –, com o chapéu a cobrir-lhe o rosto e a empurrar um carrinho com malas para junto das portas de embarque. Ao contrário dos dois homens que acompanhava, Abrini não se fez explodir – largou as malas (cujo conteúdo explodiu mais tarde) e saiu, a pé, do aeroporto.

Segundo um porta-voz da procuradoria belga, o suspeito, detido sexta-feira no subúrbio de Anderlecht, foi confrontado com vários indícios que o ligavam às explosões no aeroporto e “não teve outra opção” se não a de confirmar que era ele o terceiro bombista. Segundo explicou à polícia, depois de deixar Zaventem atirou para o lixo o casaco branco com que surge nas imagens e vendeu o chapéu com que escondeu a sua identidade.

Abrini estava na lista dos mais procurados da Europa desde Dezembro, altura em que foi divulgado um outro vídeo de segurança, captado dois dias antes dos atentados de Paris. Nas imagens, o belga surgia ao lado de Salah Abdeslam, supostamente quando os dois se dirigiam para a capital francesa.  Abdeslam foi um dos dez membros do grupo que, a 13 de Novembro, matou 130 pessoas nas ruas de Paris mas, tal como o amigo, acabou por não fazer explodir o cinto armadilhado que tinha vestido. Após quatro meses fugido às polícias francesa e belga, foi detido no mês passado em Bruxelas, onde aguarda extradição para França.

Além de Abrini, a procuradoria belga acusou outros três suspeitos que foram detidos na véspera, entre eles Osama Krayem, este para já apenas envolvido no duplo atentado em Bruxelas. Krayem foi também acusado de "participação em actividades de grupo terrorista e assassínios terroristas".

Krayam, que é sueco de ascendência síria, era o contacto do bombista-suicida da estação de metro de Maelbeek. Também surge num vídeo de segurança de um centro comercial a comprar os sacos que foram depois usados para transportar as duas bombas que suicidas explodiram no aeroporto de Bruxelas, avançam os investigadores.

Os dois outros homens acusados dos mesmos crimes são um ruandês, Hervé B. M., de 25 anos, e Bilal E. M., de 27 anos, que terá auxiliado Mohamed Abrini e Osama K., este acusado de "participação em actividades de grupo terrorista e cumplicidade em assassínios terroristas".

Também neste sábado, a polícia belga efectuou buscas num esconderijo que terá sido usado pelos suspeitos no centro de Bruxelas. A zona foi vedada durante algumas horas, mas no local não foram encontradas armas nem explosivos.

As operações destes últimos dias representam um importante sucesso para as autoridades belgas, acusadas tanto internamente como pelas polícias de outros países de não terem detectado a célula que atacou em Paris e que, quatro meses depois, voltou a matar, desta vez em casa. Com todos os principais suspeitos de envolvimento nas duas acções mortos ou capturados, o primeiro-ministro belga veio a público dizer que o Governo não vai baixar a guarda. “Estamos satisfeitos com os desenvolvimentos recentes da investigação, mas sabemos que temos de continuar alerta e prevenidos”, afirmou Charles Michel.

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