No ano que lhe falta, Medina quer “construir uma cidade para todos”

O autarca diz que a presidência da Câmara de Lisboa “é um desafio muito apaixonante”, mas ri-se quando lhe perguntam se será candidato nas eleições de 2017. A “inclusão social” é uma das suas bandeiras.

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Fernando Medina acolheu pela primeira vez, no ano passado, as cerimónias do 5 de Outubro Daniel Rocha

“Agarrar as oportunidades do presente para construir uma cidade para todos”. Este é, nas palavras de Fernando Medina, o “objectivo central” que norteia a acção do executivo que encabeça. No balanço do seu primeiro ano de mandato como presidente da Câmara de Lisboa, o autarca enunciou a sua “visão” para o futuro da cidade, mas recusou falar sobre o seu próprio futuro.

Na intervenção que proferiu ao fim da tarde desta terça-feira no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, Fernando Medina não fez uma única menção às eleições autárquicas do próximo ano, ou à sua mais que provável candidatura pelo PS. Já depois de terminado o discurso, os jornalistas questionaram-no sobre o tema mas conseguiram pouco mais do que uma gargalhada.

“Essa é uma pergunta para daqui a algum tempo. Não é para já”, afirmou com um sorriso. “Gosto muito do que estou a fazer, é um desafio muito apaixonante”, acrescentou o autarca após alguma insistência, prometendo que em devido tempo falará sobre o assunto.

No convite para o evento prometia-se uma “apresentação do balanço do mandato” mas, mais do que “prestar contas” do trabalho que fez ao longo do último ano, Fernando Medina procurou apresentar a “visão” que tem “para o futuro de Lisboa”.

O Jardim de Inverno do Teatro São Luiz encheu-se por completo para ouvir a sua intervenção, que se prolongou por cerca de 50 minutos. Na plateia, além de muitos presidentes de juntas de freguesia de Lisboa, dos vereadores do seu executivo e da presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, estavam os ministros Eduardo Cabrita e João Soares e os secretários de Estado Mariana Vieira da Silva e Nelson de Souza.

Entre os convidados encontravam-se também Jorge Coelho, Vitalino Canas, Bernardo Trindade, João Proença, Elísio Summavielle, a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina André, o advogado José Pinto Ribeiro e várias personalidades do mundo da cultura e da área económica. António Costa, a quem Fernando Medina sucedeu enquanto presidente da Câmara de Lisboa, não esteve presente, mas o seu filho, Pedro Costa (que é vogal da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica), marcou presença.

As primeiras palavras de Fernando Medina foram de agradecimento e dirigiram-se a Helena Roseta e a José Sá Fernandes (que “juntaram forças com António Costa e criaram o PS mais”), a Duarte Cordeiro (presidente da concelhia de Lisboa do PS), aos vereadores e a José Leitão e Rui Paulo Figueiredo (respectivamente o actual e o anterior líder da bancada do PS na Assembleia Municipal de Lisboa). O último cumprimento foi para os presidentes das juntas de freguesia da cidade, que o presidente da câmara considerou serem “verdadeiros heróis”.

Agradecimentos feitos, Fernando Medina começou por afirmar que “Lisboa está bem, está forte, com energia, com dinamismo, com vibração”. “É uma cidade aberta, moderna e cosmopolita”, sustentou, reconhecendo no entanto que existem “muitos problemas” e que “o desenvolvimento não chega a todos”.

É por isso, acrescentou, que “o objectivo central de uma governação progressista”, que é também “o objectivo desta maioria”, deve ser “agarrar as oportunidades do presente para construir uma cidade para todos”.

Para que isso aconteça, Fernando Medina destacou que há “três coisas fundamentais” a fazer: “investir no que têm sido os motores do progresso económico da cidade”, “investir na qualidade de vida e em devolver a cidade às pessoas” e promover a “inclusão social”.

A promessa de que a câmara não irá abdicar da candidatura do centro histórico da cidade a Património Mundial da UNESCO valeu ao autarca socialista um longo aplauso. Novas salvas de palmas ouviram-se quando Fernando Medina louvou a “dinâmica do empreendedorismo” na cidade e disse que cabia à autarquia apoiar os empreendedores que falhassem, dando-lhes condições para que voltassem a tentar.

As polémicas obras na Segunda Circular e no Eixo Central não foram esquecidas pelo presidente da câmara, que pediu aos seus apoiantes “alguma tolerância” durante as obras. No seu discurso, o autarca manifestou-se ainda decidido a dar “uma importância central” à “pequena manutenção da cidade”, por acreditar que os pequenos problemas podem na verdade ser “gigantescos” para os munícipes que deles sofrem.

O Programa Renda Acessível, que vai ser apresentado esta quarta-feira, foi também abordado por Fernando Medina, que o vê como mais um contributo “a acrescentar à panóplia de investimentos” que têm sido feitos pela autarquia para que “Lisboa consiga recuperar a sua população”. 

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