Suspeitas sobre históricos do combate à droga adensavam-se há muito tempo

Coordenador reformado da PJ deteve duas vezes o célebre traficante Franquelim Pereira Lobo, apontado como o maior barão da droga português de sempre.

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Colaboração entre a PJ e a DEA levou à captura de um barão da droga colombiano Sérgio Azenha

Para os inspectores da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE), a notícia da detenção do inspector-chefe Ricardo Macedo e do coordenador reformado Dias Santos, esta terça-feira, não terá sido uma surpresa. Há vários anos que se adensavam as suspeitas de que correria uma investigação a vários investigadores daquela unidade. A UNCTE manterá, apurou o PÚBLICO, um dossier informal alimentado ao longo dos anos com informações de traficantes que, na prática, são denúncias sobre alegados subornos feitos a inspectores. Nem toda a informação é considerada credível. Alguma é vista até como contra-informação de traficantes.

Nesse dossier constarão os nomes dos elementos agora detidos, assim como dezenas de outros. Todos terão sido investigados no âmbito de uma averiguação preventiva realizada pelo Ministério Público. Só mais tarde, após uma denúncia que visava expressamente Ricardo Macedo e Dias Santos, é que as atenções da investigação se dirigiram expressamente para esses dois elementos.

Ambos são conhecidos por uma longa carreira dedicada à investigação do tráfico de droga, sendo Ricardo Macedo, neste ponto, o que colhe mais elogios entre os seus pares na Polícia Judiciária. Fontes policiais deram conta ao PÚBLICO de que as suspeitas sempre se direccionaram mais a Dias Santos do que a Ricardo Macedo. O coordenador reformado deteve por duas vezes o célebre traficante Franquelim Pereira Lobo, apontado como o maior barão da droga português de sempre. A última vez que foi detido foi em Março de 2009. Dizia então que estava a ser vítima de perseguição policial.

Em Setembro de 1999, depois de interceptado pela polícia, Lobo estava num hotel de Lisboa, sob guarda da PJ, com quem ia colaborar para desmantelar um abastecimento de várias toneladas de droga em Lisboa. Terá aproveitado o cansaço dos inspectores que adormeceram e saltou de um primeiro andar do hotel. Conseguiu estar em fuga até 2003, quando foi detido no Sul de Espanha.

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