Líderes próximos do Presidente chinês em lista sobre paraísos fiscais

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Xi Jinping, Presidente da China REUTERS/David W Cerny

Pessoas próximas de altos dirigentes chineses, incluindo do Presidente, Xi Jinping, e do ex-primeiro-ministro Li Peng, esconderam fortunas em paraísos fiscais através de empresas de fachada, segundo uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).

Depois de analisar 11,5 milhões de documentos da empresa de advogados panamiana Mossack Fonseca, o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, numa investigação que envolve mais de uma centena de órgãos de comunicação social, revelou que 140 responsáveis políticos ou personalidades internacionais tinham colocado activos em paraísos fiscais.

Entre os familiares ou pessoas próximos de altos responsáveis chineses figura Deng Jiagui, marido da irmã mais velha de Xi Jinping.

Em 2009 – quando Xi era membro do comité permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC), a cúpula do poder no país, mas ainda não Presidente – Deng tornou-se o único accionista de duas empresas de fachada nas Ilhas Virgens britânicas, revelou o ICIJ.

Em Junho de 2012, numa investigação sobre a fortuna da família de Xi Jinping, a Bloomberg já tinha revelado que Deng Jiagui e a sua mulher detinham milhões de dólares em activos imobiliários e títulos financeiros.

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Desde a sua ascensão ao poder, no final de 2012, Xi Jinping manifestou vontade de combater a corrupção, através de uma vasta campanha bastante mediatizada, cuja eficácia é contestada por observadores.

Nos documentos panamianos analisados pelo ICIJ, figura igualmente o nome de Li Xiaolin, filha de Li Peng, primeiro-ministro chinês entre 1987 e 1998.

Li Xiaolin era, juntamente com o marido, beneficiária de uma fundação no Liechtenstein, controlada por uma empresa registada nas Ilhas Virgens britânicas, na época em que o seu pai estava em funções.

A neta do Jia Qinglin, ex-membro do comité permanente do Politburo do PCC, era então o único acionista de várias sociedades offshore, através das quais controlava discretamente os grupos na China.

“Os Documentos do Panamá” – nome pelo qual é conhecida a lista – referem também Patrick Devillers, arquitecto francês que ajudou a mulher do antigo dirigente Bo Xilai a adquirir – através de uma empresa de fachada – uma propriedade imobiliária em França, uma operação financiada por subornos de um homem de negócios.

Estas revelações seguem uma investigação anterior do ICIJ, que em Janeiro de 2014 mostrou como perto de 22.000 clientes ricos oriundos do interior da China e de Hong Kong estavam implicados nas empresas offshore.

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Na lista agora difundida figuram magnatas do mundo dos negócios, e pessoas da elite política da segunda economia mundial, incluindo figuras próximas do antigo Presidente Hu Jintao, de Xi Jinping, de Deng Xiaoping, e do ex-primeiro-ministro Wen Jiabao.

A estrela de cinema de Hong Kong Jack Chan detém pelo menos seis empresas geridas através do escritório de advogados Mossack Fonseca, escreve hoje o jornal South China Morning Post.

Mas segundo o ICIJ, tal como muitos clientes da empresa de advocacia, não há provas de que Chan tenha usado as suas empresas para propósitos ilícitos.

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