"E se fosse eu?". O que levava na mochila se estivesse a fugir da guerra?

Campanha, lançada no Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, desafia estudantes a colocarem-se na pele de um refugiado.

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O mau tempo dificulta a viagem para o Norte da Europa e complica a ajuda humanitária a refugiados. lvis Barukcic/AFP

"E se fosse eu" é o tema da campanha esta segunda-feira lançada e que desafia os estudantes a colocarem-se na pele de um refugiado e arrumarem a sua mochila como se estivessem a fugir da guerra. Lançada no Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, a campanha nacional é uma iniciativa conjunta da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), da Direcção Geral da Educação, do Alto Comissariado para as Migrações e do Conselho Nacional da Juventude.

Em declarações à Lusa, o coordenador da PAR, Rui Marques, explicou que a campanha visa "sensibilizar a opinião pública, em particular os jovens estudantes", sobre "o que quer dizer ser refugiado". A campanha, apresentada nesta segunda-feira na Câmara Municipal de Lisboa, lança um desafio a todas escolas para que no dia 6 de Abril incitem os estudantes a dizer como arrumariam a sua mochila se tivessem que fugir da guerra, sair da sua casa e deixar o seu país.

"É isso que acontece às famílias de refugiados que partem da Síria, deixando tudo para trás", disse Rui Marques, sublinhando que antes de partirem têm de seleccionar as poucas coisas que podem levar consigo num trajecto de centenas de milhares de quilómetros. "Quando somos colocados perante esta experiência, ainda que simulada, de que temos de deixar tudo para trás e que a nossa vida e os nossos bens se resumem àquela mochila percebemos um pouco melhor o que quer dizer a vida destes refugiados", sublinhou o coordenador da PAR.

Na primeira aula do dia 6 de Abril, além deste desafio, será feita uma reflexão entre o professor e os alunos sobre o que é ser refugiado. O objectivo é que os alunos percebam com este exercício o que é "a vida de tantos jovens e adultos que têm de partir num rumo de incerteza, não sabendo quando e por quem irão ser acolhidos e que tudo o que têm é a mochila que trazem consigo", disse Rui Marques.

Para o responsável, esta iniciativa tem uma "dimensão importantíssima de educação para a cidadania e de perceber que nenhuma comunidade e nenhum país estão isentos do risco de poder, um dia, ter uma situação de conflito, de crise e ser obrigada a fugir".
Por isso, elucidou, "quando percebemos que pode ser qualquer um de nós, provavelmente a nossa atitude" será de receber essa pessoa como gostaríamos que nos recebessem.

"É um exercício de educação para a cidadania mas também um exercício de mobilização dos jovens para esta causa do acolhimento e integração dos refugiados", acrescentou. Para Rui Marques, esta iniciativa tem "um enorme alcance, um sentido simbólico muito forte, simples na sua execução, mas muito profunda naquilo que é a reflexão que induz". Segundo o coordenador da PAR, estão em Portugal 149 refugiados distribuídos por várias organizações que têm assegurado o acolhimento destas pessoas no país.

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