PS-Açores em congresso a pensar nas regionais de Outubro

Vasco Cordeiro procura repetir a maioria absoluta de 2012 e aposta no reforço da autonomia. António Costa encerra os trabalhos dos socialistas açorianos no domingo à tarde.

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Miguel Manso (arquivo)

Nos Açores, onde em Outubro se realizam eleições regionais, o congresso deste fim-de-semana marca o arranque da corrida em que o PS quer renovar a maioria absoluta de 2012. Vasco Cordeiro, presidente do partido e do Governo açoriano, criticou, logo na sessão de abertura do XVI Congresso regional, os “autonomistas de fachada”, apontando ao PSD e CDS, tanto no plano nacional como regional.

“Onde estavam esses autonomistas de fachada, de cá e de lá, quando, face aos prejuízos das calamidades naturais que nos assolaram, responderam assim ao nosso pedido de ajuda: ‘Querem solidariedade? Vão à banca’”, questionou Vasco Cordeiro na abertura da reunião magna dos socialistas açorianos que arrancou sexta-feira na Lagoa, São Miguel, e termina este domingo com a intervenção do presidente do PS, António Costa.

Atravessando algumas reivindicações que foram travadas em Lisboa pelo executivo de Passos Coelho e que agora, com o Governo PS, tiveram resposta positiva, Cordeiro acusou a coligação PSD/CDS de ter olhado para os açorianos como “portugueses de segunda”, exemplificando com a obrigatoriedade de pagar cuidados médicos no continente e o abandono a que a região foi sujeita aquando da redução do efectivo na base das Lajes, na Terceira.

“Hoje, esses mesmos autonomistas de fachada, de cá e de lá, os mesmos que assim agiram ou pactuaram, por acção ou omissão, são os que mais alto clamam, exigindo agora o que não quiseram fazer, tudo isto com a arrogância dos que têm mau perder e a insolência da má memória”, argumentou, num discurso onde acusou Passos de ter preferido a “afinidade partidária” ao “relacionamento institucional”.

Cordeiro, que preside ao governo açoriano desde 2012, sucedendo a Carlos César, foi reeleito em Janeiro para um segundo mandato na liderança do PS-Açores. Ao congresso leva a única moção de orientação política global denominada ‘Uma autonomia forte ao serviço dos açorianos’, em que defende que as maiorias socialistas têm sido melhores para o arquipélago, e como tal uma nova maioria absoluta será a decisão mais “segura” para a região.

“Os açorianos não devem desperdiçar a oportunidade de serem eles a escolher o projecto político que desejam e o Governo que preferem. Um Governo que os defenda acima de tudo, independentemente de quem governa o país”, lê-se na moção que preconiza reformas na edução – ensino obrigatório até ao 12.º ano -, coloca o partido como exemplo nacional na boa gestão das contas públicas, e defende eleições primárias para a escolha do candidato a presidente do Governo açoriano.

Antes, Carlos César, presidente honorário do PS-Açores, abriu os trabalhos no Parque de Ciência e Tecnologia garantindo o empenho do partido em reforçar e modernizar a autonomia. “Estamos empenhados em reforçar, em conteúdos de modernidade, de genuinidade democrática e de sustentabilidade, o nosso regime autonómico”, afirmou citado pela Lusa, mostrando-se convicto que o congresso dará mais força ao partido, à autonomia e aos Açores.

Dizendo-se orgulhoso do partido, César elogiou Vasco Cordeiro – “um líder político de que a região mais precisa” -, dizendo que com esta liderança o PS-Açores vai continuar a ganhar. Também Carlos Pereira, líder dos socialistas madeirenses, marcou presença em São Miguel, para defender mais autonomia para as duas regiões. Com elogios a Vasco Cordeiro pelo trabalho na defesa das autonomias, Carlos Pereira, que é vice-presidente da bancada socialista em São Bento, vincou a sua total disponibilidade para lutar pelo aprofundamento da autonomia. “Não estão sozinhos nesta luta. Orgulho-me de fazer parte deste exército autonomista que será a frente avançada dos ilhéus que tanto precisam de nós”, sublinhou.

Já Lara Martinho, deputada em Lisboa, exaltou o “tempo novo” que Portugal vive, com uma maioria de esquerda a apoiar o governo. Um tempo, disse, também especial para os Açores, prometendo não deixar que Lisboa “esqueça os desafios” que os açorianos enfrentam.

O congresso, o segundo sob a liderança de Vasco Cordeiro, termina este domingo à tarde, com as intervenções finais de António Costa e Vasco Cordeiro. Os socialistas governam a região desde Outubro 1996, quando Carlos César conquistou a presidência do executivo, tendo vencido os últimos combates eleitorais: regionais, autárquicas, europeias e legislativas.

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