Salah Abdeslam acusado em Bruxelas recusa extradição para França

Suspeito confessa que estava em Paris na noite dos atentados e está a colaborar com a justiça belga.

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Sven Mary, o advogado, depois de se encontrar com Abdeslam, sábado em Bruxelas Eric Vidal/Reuters

Menos de 24 horas depois de ter sido detido em Molenbeek, o principal suspeito dos atentados de 13 de Novembro em Paris foi acusado de “assassínios terroristas” e “participação em actividades de grupo terrorista”. Segundo o seu advogado, o francês Salah Abdeslam está “a colaborar com a justiça belga” mas vai contestar em tribunal a sua extradição para a França.

Sven Mary, o advogado, confirmou aos jornalistas que Abdeslam “estava presente em Paris” na noite dos atentados que fizeram 130 mortos – a investigação aponta para que tenha tido a cargo grande parte da logística dos ataques, reservando quartos para os atacantes e alugando vários carros usados nos preparativos e na própria noite dos ataques contra diferentes alvos da capital francesa.

Pensava-se que terá sido Abdeslam  a deixar para trás um colete de explosivos e que o plano inicial incluiria mais um atentado que não chegou a acontecer mas foi referido na reivindicação do Daash, o autodesignado Estado Islâmico. Afinal, Abdeslam deveria ter sido mais um bombista suicida mas o plano era que se fizesse explodir no Stade de France (um dos alvos), afirmou o próprio ao procurador, explicando ter mudado de ideias.

O Presidente francês, François Hollande, que na segunda-feira vai receber familiares das vítimas, pediu logo na sexta-feira a “extradição muito rápida” do jovem que era desde Novembro “o homem mais procurado da Europa”. “Vamos ver se o mandado de detenção europeu é legal e seguiremos a partir daí”, diz Sven Mary. “Não é por ele recusar que não será extraditado”, explicou à AFV uma advogada francesa, Florence Rouas-Elbazis. “Mas isso pode atrasar o processo”.

Baleado na perna, Abdeslam foi hospitalizado com outro cúmplice, detido no mesmo apartamento do município de Bruxelas onde se sabia ter vivido. O segundo homem, identificado como Monir Ahmed Alaaj ou Amin Shoukri, foi acusado dos mesmos crimes. Houve mais três detidos: um homem conhecido como Abid Aberkan e acusado de “pertencer a uma organização terrorista”, de “ajudar e dar abrigo a criminosos”, ficou também detido; duas mulheres foram postas em liberdade, uma sem acusações, a outra acusada de “auxiliar a abrigar criminosos”.

Amin Shoukri esteve com Abdeslam na Alemanha em Outubro. Depois disso, passaram por uma casa em Auvelais, no Sul da Bélgica, usada pelo Daash e que terá servido para preparar os atentados de Paris e onde foram encontras as impressões digitais de ambos.

Depois de quatro meses em fuga, a captura do suspeito jihadista ficou mais próxima quando as suas impressões digitais foram encontradas numa operação noutra zona de Bruxelas, Forest, na terça-feira. Abdeslam conseguiu fugir dessa casa mas foi apanhado por ter feito um telefonema a pedir ajuda para encontrar um novo esconderijo.

“Temos de encontrar todos os que permitiram, organizaram ou facilitaram os atentados e temos de perceber se são muitos mais do que tínhamos inicialmente pensado e identificado”, afirmou Hollande ainda em Bruxelas, onde participava numa cimeira europeia. “A batalha contra o terrorismo não acaba esta noite, mas esta foi uma vitória”, disse o chefe de Estado francês numa conferência de imprensa com o primeiro-ministro belga, Charles Michel.

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