Inteligência artificial volta a derrotar o génio humano

Novo triunfo das máquinas. Desta vez, num tabuleiro de Go, um jogo asiático considerado por muitos como um desafio mais complexo que o xadrez.

Lee Se-dol (à direita) enfrenta a equipa da DeepMind e o programa AlphaGo
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Lee Se-dol (à direita) enfrenta a equipa da DeepMind e o programa AlphaGo REUTERS/Korea Baduk Association/News1
O jogador sul-coreano de Go reage à derrota frente ao AlphaGo
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O jogador sul-coreano de Go reage à derrota frente ao AlphaGo REUTERS/Seo Myung-gon/Yonhap
O jogador Lee Se-dol com a filha, à chegada ao recinto do encontro.
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O jogador Lee Se-dol com a filha, à chegada ao recinto do encontro. REUTERS/Kim Hong-Ji

Depois do xadrez e do cubo de Rubik, o Go. O programa informático AlphaGo, desenvolvido pela Google, selou nesta terça-feira uma vitória à melhor de cinco contra um dos melhores jogadores de Go do mundo, o sul-coreano Lee Se-dol.

O Go é um jogo tradicional chinês com cerca de três milénios de história. Apesar de ter regras relativamente simples, consistindo no cerco e captura das peças rivais, de modo a conquistar a maior área possível do tabuleiro, este jogo é considerado um exercício de estratégia extremamente complexo. Por esse motivo, representa um desafio maior para um computador do que um jogo de xadrez, que é eminentemente táctico – a Google garante que há mais posições possíveis num tabuleiro de Go do que átomos no universo.

O AlphaGo, um projecto da unidade de inteligência artificial da Google DeepMind, venceu Lee Se-dol por 4-1, iniciando a série disputada ao longo de seis dias em Seul com uma sequência de três vitórias. Logo após a segunda derrota, o jogador sul-coreano declara-se “sem palavras” perante o desempenho “quase perfeito” do adversário digital. A vitória humana no quarto jogo ainda valera rasgados elogios a Lee Se-dol, mas a batalha estava já perdida. O prémio do torneio, de um milhão de dólares (cerca de 900 mil euros), será doado pela Google à UNICEF.

Enquanto os entusiastas da inteligência artificial assinalam mais um feito, os sul-coreanos, que pararam para assistir ao desafio pela Internet e junto a ecrãs gigantes nas ruas, declaram-se surpreendidos. Num país em que o Go, localmente conhecido por baduk, é uma paixão nacional, o Korea Times, edição inglesa do Hankook Ilbo, considera que se assistiu a um jogo “viciado” em que um cérebro humano enfrentou “um exército de pessoas altamente inteligentes, armadas com capacidades de computação imensuráveis facultadas por uma multinacional, a Google”.

Entretanto, forma-se fila para a revanche. O campeão chinês Ke Jie expressou o desejo de enfrentar o AlphaGo e disse ter uma possibilidade superior a 60% de vencer a máquina da Google. 

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