Ryanair diz que foi a Portway que cancelou contratos dos aeroportos de Lisboa e Porto

Transportadora diz que não renovou contrato para o aeroporto de Faro e que a empresa de assistência em escala cancelou as operações de Lisboa e Porto.

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Empresa irlandesa diz que esteve 18 meses em negociações com a Portway AFP PHOTO/ DFAGET

A Ryanair disse hoje que terminou o contrato com a Portway no aeroporto de Faro porque a empresa queria aumentar os preços e que foi a Portway que, depois disso, cancelou a operação em Lisboa e Porto.

“Na sequência de 18 meses de discussões com a Portway, relativas ao contrato de 'Handling' em Faro, não foi possível estabelecer acordo para renovar o contrato, uma vez que a Portway apresentou uma proposta que contemplava o aumento de preços para este serviço”, disse hoje a companhia aérea em comunicado.

Segundo a Ryanair, foi nesse âmbito que, "subsequentemente, a Portway cancelou os contratos de handling também em Lisboa e Porto”.

Já sobre as informações prestadas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), a companhia aérea recusou comentar o que designou de “falsas alegações”.

O Sitava denunciou terça-feira que está a ser preparado o despedimento colectivo de “várias centenas” de trabalhadores da empresa de handling Portway nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro. Esta empresa é responsável por prestar serviços em terra de apoio aos aviões.

O despedimento colectivo resulta da não renovação dos contratos da Portway com a companhia aérea de baixo custo Ryanair.

Segundo o sindicalista Fernando Henriques, o contrato entre a Portway e a Ryanair termina já a 28 de Março no caso do aeroporto de Faro, seguindo-se o aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, a 2 de Junho, e o de Lisboa, a 6 de Julho.
A Ryanair, acrescentou, representa 35% da actividade total da empresa, chegando este peso a ultrapassar os 50% no caso do Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

Conforme disse o sindicalista, a decisão de denúncia dos contratos partiu da companhia irlandesa após a administração da Portway lhe ter comunicado a intenção de os renegociar em alta, uma vez que nos atuais termos a empresa de handling detida pela ANA (e, por isso, pelo grupo francês Vinci, que adquiriu os aeroportos portugueses ao Estado português) “não ganhava dinheiro”.

No caso da Ryanair, precisou, cada voo assistido pela Portway rende actualmente à empresa de handling “cerca de 350 euros, quando o custo da operação não é inferior a 500 euros”, pelo que “a Vinci desde o início fez sentir à Ryanair que queria renegociar o contrato para valores em alta”.

Contudo, disse o dirigente sindical, a Ryanair não aceitou a renegociação e optou pela denúncia dos contratos, “sentindo que podia fazer no Continente aquilo que faz hoje em Ponta Delgada”, numa situação que o SITAVA diz ser uma “clara fraude à lei da assistência em escala”.

É que, explicou Fernando Henriques, “em Ponta Delgada a Ryanair tem um falso ‘selfhandling’ (autoassistência), que na prática é assegurado pela Groundlink, que só está licenciada para a assistência a passageiros”.

Esta empresa, que ao contrário do que está previsto na lei “não tem qualquer contratação colectiva”, presta o serviço à Ryanair por um valor que “ronda os 270 euros” porque “é garantido por trabalhadores que vão lá fazer duas horas por dia e que trabalham duas horas para uma empresa e outras duas horas para outra empresa”.

O sindicato diz que já questionou a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) há alguns meses sobre este assunto, mas sem qualquer resposta, acusando o regulador de "fechar os olhos".

 

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