ARS de Lisboa convida médico para vice-presidente e depois desconvida-o

O novo ministro da Saúde apenas nomeou Rosa Zorrinho para presidente. A restante equipa está em prolongamento da comissão de serviço desde Outubro.

Foto
Médico convidado trabalha no Hospital de Cascais Rui Gaudêncio

A presidente do conselho directivo da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Rosa Matos Zorrinho, recém-nomeada para o cargo, convidou recentemente um médico para o lugar de vice-presidente da instituição, mas acabou por desconvidá-lo poucos dias depois.

Rosa Matos Zorrinho, mulher do eurodeputado do PS, Carlos Zorrinho, é, para já, o único elemento da nova administração da ARS de Lisboa e Vale do Tejo nomeada em meados de Janeiro pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes. Pouco depois de ter sido nomeada, convidou um médico de Cascais, especialista na área da saúde familiar, para a vice-presidência. Acabou por recuar no convite depois de o médico Luís Pisco, vice-presidente daquele organismo que se encontra em prolongamento da comissão de serviço que tinha terminado em Outubro de 2014, ter manifestado vontade de continuar no cargo.

Luís Pisco, nomeado coordenador da Missão para os Cuidados de Saúde Primários, em 2005, viria a ser afastado em 2010 através da extinção desta estrutura. Um ano depois, Paulo Macedo, ministro da Saúde do Governo PSD-CDS, escolheu-o para a equipa de Luís Cunha Ribeiro, como vice-presidente da ARSLVT. Uma fonte médica adiantou ao PÚBLICO que Luís Pisco passou a ser contestado por muitos profissionais, que o acusam de ter mudado de posição quanto ao apoio às Unidades de Saúde Familiar (USF) e de ter “comprometido fortemente” a reforma dos cuidados de saúde iniciada pelo ministro Correia de Campos (PS).

Ao que foi possível apurar, a nova presidente, que tem uma vasta experiência na área da gestão de serviços de saúde, terá recuado, por motivos desconhecidos, na sua proposta inicial e acabou por convidar o médico de Cascais para ocupar dentro da ARS um outro cargo, mais técnico e mais adequado ao perfil profissional. Desta forma, Luís Pisco continuaria com espaço para ver prolongadas as suas funções enquanto colaborador directo e dirigente do Ministério da Saúde, condição que, desde final século passado, apenas foi interrompida por cerca de um ano entre 2010 e 2011.

O PÚBLICO falou na segunda-feira com o vice-presidente da ARS e questionou-o sobre a sua vontade em continuar naquelas funções e o médico não negou. Ausente em Abu Dhabi, Luís Pisco disse, no entanto, que o melhor era esperar pela decisão do ministério.

Contactada por mais de uma vez pelo PÚBLICO a ARS de Lisboa e Vale do Tejo recusou responder às perguntas enviadas por email. A única informação prestada por fonte do gabinete de assessoria foi que a presidente, Rosa Matos Zorrinho, é para já, a única pessoa nomeada para a nova administração da ARSLVT. No despacho de nomeação, Adalberto Campos Fernandes autoriza “ a nomeada Rosa Augusta Valente de Matos Zorrinho a exercer, em acumulação, a actividade de docência em estabelecimentos de ensino superior”.

A nomeação do resto da equipa está em cima da mesa do ministro da Saúde. Resta saber se Adalberto Campos Fernandes vai ou não reconduzir algum dos elementos.

Rosa Matos Zorrinho substituiu no cargo Luís Cunha Ribeiro, que se demitiu, em Dezembro passado, na sequência da morte de David Duarte após três dias internado no Hospital de São José, a aguardar uma cirurgia a um aneurisma cerebral, por falta de equipa completa para realizar a neurocirurgia durante o fim-de-semana.

Sugerir correcção
Comentar