Neste fim-de-semana, faltam ortopedistas no Hospital de Faro

O Conselho de Administração, a aguardar ser substituído, queixa-se da falta de condições políticas e financeiras.

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Hospital de Faro afinal assegura serviço de neurocirurgia Foto: Virgílio Rodrigues

A falta de ortopedistas no Hospital de Faro esteve à beira de colocar em risco a realização da 1ª Taça de Portugal de Downhill, que decorre desta sexta até Domingo, em São Brás de Alportel. A escala de ortopedia do dia 6, informou o presidente do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), Pedro Nunes, “não é compaginável com a realização do evento”, que reúne mais 300 atletas de BTT, muitos dos quais estrangeiros.

Ao pedido de apoio hospitalar à realização da prova, no caso de ocorrerem eventuais acidentes, Pedro Nunes respondeu ao município – uma das entidades organizadoras do evento - que não tinha condições. A “escassez de recursos humanos ortopédicos no que respeita a médicos especialistas na região é particularmente grave”, justificou. Por seu lado, o deputado do PSD, Cristovão Norte, em nota divulgada à comunicação social, manifestou-se apreensivo pela “situação de incerteza” que se vive no CHA, quanto ao modelo de gestão e cortes no financiamento. Em 2016, justificou, o Orçamento de Estado prevê uma diminuição da dotação orçamental de menos 4,5 milhões de euros, cerca de menos 3% em relação ao ano anterior.

A prova, que conta com a presença do campeão mundial da modalidade, não foi cancelada. A assistência, ao nível da ortopedia, disse ao PÚBLICO o presidente da Câmara de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, está assegurada pelo Hospital Privado de Loulé. “Espero que nas outras especialidades, nomeadamente a neurocirurgia, o Hospital de Faro tenha capacidade de resposta”, advertiu.

Pedro Nunes aproveitou a ocasião para, na resposta ao município, justificar a situação de impasse que, neste momento, se vive ao nível da saúde pública na região. “A intervenção dos autarcas eleitos em listas do partido que sustenta o Governo [PS], articulada com deputados da mesma força política, retirou qualquer autoridade ao Conselho de Administração”. Isto porque, “sem qualquer admiração, vimos os ortopedistas recusar escalas com menos de três especialistas, mesmo que para tal fosse necessário deixar o dia sem ninguém de serviço em toda a região”, escreveu.

O autarca contrapôs ter “dificuldade” em entender que o conselho de administração do CHA “se demita das suas competências de assegurar as condições de assistência mínimas para dar resposta às necessidades prementes da região”.  

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, tem vindo ser pressionado para tomar uma posição mas ainda decidiu se é para manter o CHA ou voltar a separar a gestão do Hospital de Faro da do Barlavento (Portimão), criando duas Unidades de Saúde Locais.

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