Roubos a carrinhas de valores em Fevereiro quase triplicam média de 2014

Dois assaltos em dois dias seguidos e quatro num único mês, com uma morte a assinalar, chamam atenção para fenómeno de criminalidade violenta. Até agora não foi detido qualquer suspeito.

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João Henriques/Arquivo

No mês de Fevereiro registaram-se pelo menos quatro roubos a carrinhas de transporte de valores em Portugal, o último dos quais teve lugar esta segunda-feira. Aparentemente baixo, o número é, porém, o triplo da média mensal registada no Relatório Anual de Segurança Interna de 2014, o último ano para o qual há estatísticas compiladas.

Nesse ano registaram-se apenas 17 ataques deste tipo, que se inscrevem na chamada "criminalidade violenta" ou "grave". No quadriénio de 2010-2014 tinha vindo a assistir-se a um decréscimo dos roubos às carrinhas de transporte de valores. Sendo ainda cedo para dizer se os quatro casos estão ligados entre si ou se correspondem sequer a uma inversão desta tendência, uma vez que em Janeiro não houve notícia de nenhum destes assaltos, o aparente recrudescimento do fenómeno está a preocupar as autoridades, que até ontem ao final do dia não tinham detido qualquer suspeito.

O mais recente Relatório Anual de Segurança Interna explica que, apesar de garantirem alta rentabilidade – os valores roubados ultrapassam com frequência os 50 mil euros –, os assaltos às carrinhas de valores apresentam um risco acrescido, por se tratar de alvos em movimento. O aparato do ataque de domingo no Lourel, em Sintra, com os assaltantes a trocarem várias vezes de viatura, a utilizarem o carjacking para se porem em fuga e a acabarem por ferir mortalmente um automobilista com um tiro, chamou a atenção para um fenómeno ligado a grupos criminosos organizados da Grande Lisboa e do Norte. Em 2014 os roubos às carrinhas de valores circunscreveram-se a quatro distritos – Porto (com o maior registo de ocorrências), Lisboa, Setúbal e Braga –, tendo sido resolvidos mais de metade dos crimes deste género e detidos dezena e meia de suspeitos.

O mesmo relatório elenca algumas estratégias usadas pelas empresas do ramo para dissuadir este tipo de ataques: utilização de malas de segurança com sistema remoto de alarme, tintagem e geo-localização e transporte de menores quantidades de dinheiro nas viagens até às máquinas multibanco.

O primeiro assalto desta série de quatro teve lugar no dia 15, em pleno centro de Lisboa. Duas pessoas armadas e encapuzadas atacaram os seguranças que recolhiam o dinheiro de uma loja desportiva junto aos armazéns do El Corte Inglés, para o levarem numa carrinha da Esegur. No final da mesma semana deu-se novo roubo, desta vez no concelho de Gondomar. Os tripulantes da carrinha preparavam-se para abastecer uma caixa multibanco de um supermercado a meio da manhã quando foram ameaçados com uma caçadeira.

E foi também de manhã e durante o abastecimento de uma máquina ATM que se deu o assalto desta segunda-feira. Os seguranças procediam ao carregamento do dinheiro junto a uma pastelaria de Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira, quando foram surpreendidos por dois homens que, sob a ameaça de uma caçadeira, exigiram a entrega de duas malas onde se encontravam cerca de 75 mil euros. Também aqui não houve vítimas a registar, ao contrário do que sucedeu em Sintra no domingo.

Tanto na opinião da GNR como na da Polícia Judiciária, os assaltantes de Vialonga não serão os mesmos do Lourel: "Julgamos que não, pois a forma de actuação é diferente", referiu fonte da PJ. com Jorge Talixa

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