CAIS emprega 23 pessoas em risco de exclusão social

Projecto Capacitar Hoje tem dois anos e procura uma reintegração no mercado de trabalho de pessoas em risco de exclusão social

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As 23 pessoas que a CAIS conseguiu empregar saíram de um grupo inicial de 94 DR

A Associação CAIS, que trabalha com pessoas sem-abrigo ou em risco de exclusão, conseguiu empregar 23 pessoas, em dois anos, através do projecto Capacitar Hoje (CAHO), cujos resultados, relativos a 2014/2015, foram apresentados esta segunda-feira. De acordo com os dados da CAIS, a associação conseguiu integrar no mercado de trabalho 23 pessoas em risco de exclusão social, em áreas como o atendimento ao público, limpezas, construção civil, refeitório e cantinas, cantoneiros, artesãos e administrativos.

"Em dois anos parece um número pequeno, mas a verdade é que estamos a falar de um universo de pessoas que tem muito baixas qualificações, muitos deles são desempregados de longa duração", apontou a directora-executiva da CAIS. Conceição Cordeiro frisou que em causa estão pessoas que, para além do trabalho ao nível da capacitação profissional, tiveram de fazer um "esforço muito grande" ao nível da sua capacitação pessoal e social. "Estamos a falar de reencontrar alegria na conversa, saber estar, sentir-se bem consigo próprio e, no fundo, acreditar que é possível reganhar uma cidadania activa e um papel activo na comunidade", apontou a responsável.

Exemplo disso é Fátima (nome fictício), com cerca de 20 anos, sem pais, com dois filhos a cargo e com uma história de desestruturação familiar e corte nas relações com os vários irmãos a partir da morte da mãe. Com apenas o 9.º ano de escolaridade concluído, e depois do nascimento do segundo filho, começa "uma fase difícil", em que não consegue encontrar emprego, o que a leva, no final do ano passado, a inscrever-se na formação do CAHO. "Acabou por arranjar um estágio num posto de abastecimento de combustíveis, aceitou o estágio logo e passados dois meses foi contratada e portanto este é um caso de uma pessoa que o CAHO ajudou", contou Conceição Cordeiro.

As 23 pessoas que a CAIS conseguiu empregar saíram de um grupo inicial de 94 que se inscreveram no projecto, tendo 86 delas concluído a formação. Neste projecto — que o P3 foi conhecer em Outubro do ano passado — estiveram também envolvidos 55 voluntários, várias entidades públicas e privadas e nove empresas. De acordo com os dados da CAIS, o perfil do beneficiário mostra que são sobretudo homens (68), desempregados, com idades entre os 18 e os 59 anos, com uma escolaridade média ao nível do 8.º ano e com experiência de trabalho em áreas como logística, restauração, atendimento ao público, limpezas e construção civil.

O programa passou por três etapas, desde, numa primeira fase, a formação de 48 voluntários e técnicos e de 94 beneficiários, para estes últimos com 12 acções de formação, num total de 90 horas, 60 horas em sala e 30 horas em contexto laboral. Numa segunda fase, a formação "on-job", num total de mais de 2.800 horas, em que os formandos foram distribuídos pelas várias empresas parceiras da CAIS. Na terceira, e última, 29 mentores acompanharam as 86 pessoas que completaram os ciclos de formação, num total de 923 horas, e de onde saíram 23 empregados.

Para Conceição Cordeiro, estes resultados comprovam que esta é uma metodologia inovadora de capacitação, que envolve toda a sociedade, desde os voluntários e mentores, até às empresas que oferecem os estágios e até postos de trabalho, passando pelas instituições da rede social. "Este envolvimento de toda a comunidade, que de uma forma organizada e sustentável contribuiu para o sucesso dos resultados desta metodologia, foi para nós o grande ganho do projecto."

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