Xanana devolve condecoração ao Presidente de Timor

O antigo Presidente e primeiro-ministro de Timor não gostou das críticas de que foi alvo por parte de Taur Matan Ruak.

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Miguel Madeira

Xanana Gusmão devolveu nesta sexta-feira à Presidência da República timorense a condecoração com que tinha sido agraciado no ano passado.

A devolução da medalha da Grande Ordem da Resistência surge na sequência das acusações do Presidente da República, Taur Matan Ruak, na passada quinta-feira no Parlamento, onde afirmou que Xanana Gusmão favorece familiares e amigos em contratos com o Estado.

Segundo revela a Antena 1, Xanana Gusmão, actualmente ministro do Planeamento e Investimento Estratégico, fez a devolução da condecoração ao início da tarde em Timor acompanhada de uma carta em que justifica a recusa da medalha.

Na passada quinta-feira, na sequência de uma polémica com o Governo e Parlamento sobre o novo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), Taur Matan Ruak foi muito duro para com Xanana Gusmão e Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) e ex-primeiro-ministro.

Na sua intervenção, o Presidente da República de Timor-Leste lembrou um encontro com o primeiro-ministro, Rui Maria de Araújo, no início do mês, em que lamentou que Xanana e Alkatiri “tenham beneficiado tanto dos contratos do Estado”. “O senhor primeiro-ministro perguntou-me se eu queria fazer inspecção. Eu disse-lhe que não, que estava apenas a falar do descontentamento que se sentia sobre os privilégios. Com o Suharto também acontecia”, afirmou.

Ainda segundo a Antena 1, Xanana Gusmão participou nesta sexta-feira em Díli num fórum empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em que garantiu que que não vai haver crise em Timor e que o país não vai voltar a ser apelidado de um país falhado.

Sem nunca referir o nome do Presidente, ironizou sobre as acusações de que foi alvo, afirmando que estava a falar para empresários, mas que não tinha experiência em economia. A única experiência na área, acrescentou, era dar contratos aos seus familiares, “uma profissão que está muito em voga”.

A tensão entre Ruak e o Governo e o Parlamento não é de agora. O Presidente elegeu o combate à corrupção e o combate à pobreza como grandes pilares da sua Presidência desde que tomou posse, em 2012.

Ao longo destes anos visitou a quase totalidade dos 442 sucos (aldeias) existentes e não tem parado de criticar o Governo devido aos níveis de corrupção, chamando a atenção para o estado de pobreza em que vive o povo. O Presidente tem vindo ainda a denunciar o enriquecimento surpreendente de políticos e dos seus familiares e a existência de contratos do Estado “entregues a amigos”.

Ruak tem também apontado o dedo ao Governo por falta de aposta em áreas como a Saúde e a Educação, segundo ele relegadas para segundo plano face aos grandes projectos.

 

 

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