Redacções: olha o Skype, que é tão bonito…

Está mais do que na hora de os grupos de Comunicação Social darem uso a uma das ferramentas mais incríveis da Internet, que dá pelo nome de Skype

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Os grupos de Comunicação Social a operar em Portugal não andam de boa saúde financeira. A frase é estafada, mas o alerta nela encerrado é mais válido que nunca. As redacções têm cada vez menos jornalistas, menos massa crítica interna, menos verbas destinadas às reportagens e à investigação (essas nobres artes do jornalismo). O modelo industrial faz implacavelmente parte do quotidiano das televisões, das rádios e dos jornais e, por conseguinte, os profissionais destas áreas estão bastas vezes espartilhados na sua missão de informar com rigor e isenção. Saímos todos a perder.

Por isso, está mais do que na hora de dar uso a uma das ferramentas mais incríveis da Internet, que dá pelo nome de Skype. Para quem (poucos, acredito) não saiba o que é o skype, basta dizer que permite fazer chamadas telefónicas gratuitas com imagem entre dispositivos móveis (computadores, tablets).

Ora, “grátis” pode ser a palavra mágica para que os jornalistas consigam convencer os administradores das empresas de Comunicação Solcial a apostarem no Skype como ferramenta de trabalho. Para isso, basta que invistam (ah, palavra danada!) em computadores com câmara incorporada e deixem as redacções livres dos espartilhos de um jornalismo ultrapassado e perigosamente preguiçoso. Simples e eficaz.

Em Portugal, a utilização do Skype não está proibida, longe disso. Tanto quanto julgo saber, não há normas internas nas televisões, nas generalistas pelo menos, que impeçam as reportagens, as entrevistas ou as peças “normais” de incluírem imagens tiradas via Skype nos respectivos trabalhos, mas são mesmo muito poucos a fazer uso delas, vá lá saber-se o porquê.

Segundo rezam as crónicas, o Skype nasceu em 2003 e de então para cá a sua utilização diversificou-se, sobretudo por particulares e por empresas, algumas das quais dispensaram as vídeoconferências por troca com o Skype. E se por cá as estações de televisão demoram a entrar neste universo, “lá fora“, cadeias de televisão como a BBC (entre muitas outras) fazem do Skype um meio de comunicação de excelência. Foram inúmeros os exemplos de utilização do Skype que vi na BBC, em situações tão variadas como uma breve entrevista a alguém do outro lado do mundo, a análise de um comentador ou a reportagem de um jornalista. Não eram a pedra basilar dos trabalhos, eram complementares.

Jornalistas , comentadores, políticos, desportistas, agentes culturais ou cidadãos como nós podem, assim, ficar em maior pé de igualdade no acesso ao mais importante veículo de transmissão de informação, a televisão. Numa altura em que grassa a ideia do “cidadão-repórter” – assunto que tentarei abordar noutra ocasião –, estão à espera de quê?

O ponto fulcral em qualquer negócio é o dinheiro. E, como é sabido, ele não abunda: por vezes, é impossível ultrapassar as dificuldades (ou há dinheiro para sair em reportagem, ou não), mas custa-me aceitar a rendição de quem se deixa prender por minudências da tecnologia, como seja o facto de não saber utilizá-la… Pode não haver dinheiro, mas é possível ter uma saída elegante quando há falta de meios.

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