Autoridades tentam reduzir casos de caminheiros em dificuldades no Gerês

Várias entidades tentam preparar medidas que evitem a constante necessidade de operações de socorro a turistas no parque nacional.

Foto
Na Peneda-Gerês, os pedestrianistas avisam que a taxa desincentiva o usufruto ordenado do parque Fernando Veludo/NFACTOS

Municípios, Protecção Civil e GNR estão a preparar um pacote de medidas para prevenir os casos de resgate no Parque Peneda-Gerês, que passam pelo reforço da sinalização, da rede de telemóvel e até pelo pagamento dos custos.

Entre Janeiro e Fevereiro, ocorreram duas situações em que foi necessário mobilizar bombeiros e militares da GNR para socorrer grupos de caminheiros que sentiram dificuldades no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Nos dois casos estava mau tempo, chuva intensa e frio.

Estas situações levaram David Teixeira, vice-presidente da Câmara de Montalegre, no distrito de Vila Real, a convocar uma reunião que juntou à mesma mesa representantes do município de Terras de Bouro, elementos da Protecção Civil, bombeiros, INEM e ainda militares do Grupo de Intervenção Protecção e Socorro (GIPS) da GNR.

“Ficou claro para toda a agente que é preciso fazer um plano de coordenação das acções de socorro no parque nacional”, afirmou à agência Lusa David Teixeira.

A ideia é minorar riscos e proteger quem trabalha no socorro a quem necessita. David Teixeira lembrou que "a maioria dos incidentes é pura inconsciência dos praticantes".

O autarca referiu que foi distribuído “um conjunto de tarefas pelas várias entidades para que na próxima reunião, que irá realizar-se dentro de um mês e com mais intervenientes, já haja trabalho feito”.

David Teixeira salientou que o pacote de medidas, que está em preparação e que se quer implementar “rapidamente”, contempla iniciativas como o pagamento do resgate por parte de quem pede o socorro.

“Sim, vai acontecer. Tudo o que seja resgate por inconsciência será atribuído o custo do resgate a quem o pede”, frisou.

O autarca referiu que o Parque da Peneda-Gerês deve criar uma plataforma digital que permita que os visitantes “se registem e informem onde estão e para onde vão”.

“As câmaras irão fazer um projecto de melhoramento das redes para telemóveis para dentro da área do parque e também fazer a sinalização dos abrigos com números, nomes e coordenadas, e ficou decidido que o GIPS irá ver o enquadramento legal para quem anda fora da área que é permitida também ser multado e ser mais célere o processo”, acrescentou.

Neste parque nacional existem áreas de reserva integral, onde a visitação é proibida ou limitada.

No entanto, segundo David Teixeira, no terreno estas áreas não estão assinaladas. “Lá no terreno não há nenhuma placa que diga que a partir daqui é reserva integral, só há no plano de ordenamento do parque esse zonamento que pouca gente conhece”, sustentou.

Na opinião do autarca, são várias as razões que têm estado na origem dos casos de necessidade de resgate, nomeadamente o facto de em Portugal não ser usual recorrer a empresas de guias para que se faça a visitação em locais com mais riscos.

Depois, o responsável criticou ainda o parque dizendo que “não faz gestão nenhuma” deste território, salientou a inexistência de uma plataforma de registo ou de informação que informe a protecção civil de onde é que as pessoas andam e sublinhou a falta de cuidado de alguns visitantes.

“Para o próximo fim-de-semana há previsões de mau tempo e neve. Só um inconsciente é que vai meter pessoas com idade, pessoas que nunca foram à serra, miúdos, pessoas mal equipadas num território daqueles”, frisou.

O autarca lamentou ainda que o parque não aceite criar corredores de emergência, ou seja acessos que estariam vedados excepto quando ocorrerem situações em que seja necessária a passagem dos meios para um socorro mais rápido e seguro.

David Teixeira lembrou que a área do parque se estende por cinco municípios de três distritos e, por isso mesmo, defendeu que é preciso criar um documento, um plano, “que esclareça como é que as operações de socorro se desenvolvem”.

 

Sugerir correcção
Comentar