Presidente da Airbus diz que "Brexit" pode limitar investimento no Reino Unido

Empresas britânicas têm alertado para o impacto que a saída da União Europeia terá sobre a economia. Economistas dizem que libra pode recuar até níveis de 1985.

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Tom Enders é o presidente da Airbus, que garante 16 mil empregos no Reino Unido AFP PHOTO /HO

A quatro meses do referendo em que os britânicos vão votar se querem ficar na União Europeia (UE), as grandes empresas fazem valer os seus argumentos a favor da permanência. Esta quarta-feira foi a vez de o presidente da Airbus, Tom Enders, afirmar que a empresa será penalizada se os adeptos do “Brexit” ganharem no referendo.

“Se o Reino Unido sair [da UE], não consigo antever que isso possa ter quaisquer consequências positivas para a nossa competitividade aqui”, afirmou o responsável, citado pela Reuters. Segundo o gestor, a saída da União Europeia poderá pôr em causa os investimentos de longo prazo no Reino Unido, onde a Airbus dá emprego a 16 mil pessoas. A Airbus é a maior empresa aerospacial e de defesa da Europa e tem as suas principais fábricas em Hamburgo, na Alemanha, e em Toulouse, França, onde está sediada.

Na terça-feira, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, já tinha recebido uma demonstração inequívoca de apoio da classe empresarial, quanto ao acordo alcançado com Bruxelas. “Acreditamos que a Grã-Bretanha estará melhor se ficar numa UE reformada”, afirmaram quase 200 empresários, numa carta aberta publicada no jornal The Times, em que alertaram para os “riscos económicos” inerentes a um possível “Brexit”.

Os líderes de empresas como a Vodafone, a British Telecom, o banco HSBC, os aeroportos de Heathrow e Gatwick e a rede de supermercados Asda, entre outros, recordaram que Cameron assegurou um acordo para “reduzir o peso da regulação, aprofundar o mercado único comum e assinar acordos comerciais internacionais que são cruciais”.

O aumento do desemprego e o menor crescimento económico são cenários prováveis se os britânicos quiserem virar costas à UE e a um mercado potencial de 500 milhões de pessoas, alertaram. Sem o acesso ao mercado europeu, as empresas deixam de ter incentivo para crescer e criar empregos, frisam os empresários.

Cameron, que já defendeu que a eventual saída da UE poderá prejudicar a classe trabalhadora britânica durante vários anos, conta com um opositor de peso: o mayor de Londres, Boris Johnson, que é um defensor do “Brexit”.

O deputado conservador anunciou no fim-de-semana que vai fazer campanha pela saída da UE, depois de Cameron lhe ter dirigido um apelo para que apoiasse a permanência. Uma das consequências imediatas das declarações de Johnson foi a queda da libra para os valores mais baixos desde 2009.

A divisa britânica continua a acumular perdas e esta quarta-feira mantinha-se a negociar abaixo dos 1,40 dólares, com o próprio Banco de Inglaterra a admitir que as incógnitas em relação ao futuro do país estão a pressionar a moeda.

Segundo vários economistas contactados pela Bloomberg, a moeda britânica poderá mesmo recuar para níveis de há 30 anos face ao dólar se o “Brexit” ganhar no referendo. Dos 34 economistas ouvidos pela Bloomberg, 29 consideram que a libra poderá afundar para níveis de 1985, para um valor de 1,35 dólares.

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