Moreira da Silva a caminho da compra de 15% da Sonae Indústria

Holding pessoal de Belmiro de Azevedo continuará a deter maioria do capital da empresa após o exercício da opção.

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Carlos Moreira da Silva saiu como vencedor da assembleia geral FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Carlos Moreira da Silva negociou um contrato de prestação de serviços com a Pareuro B.V., a holding pessoal de Belmiro de Azevedo, que tem como contrapartida uma opção de compra de acções da Sonae Indústria, na percentagem de 15% do capital social. A operação de compra da participação por parte do actual vice-chairman executivo da Sonae Indústria poderá ser exercida até 30 de Abril de 2018, ao preço de 0,0132 euros. 

Exercida esta opção, o empresário Belmiro de Azevedo, que também é o maior accionista da Sonae SGPS (proprietária do PÚBLICO), reduz a participação dos actuais 68,6% para 53,6%, mas mantém a maioria do capital. Recorde-se que o reforço da participação de Belmiro de Azevedo ocorreu recentemente, no âmbito do aumento de capital e na sequência da reduzida participação dos restantes accionistas da empresa. 

A relação de Carlos Moreira da Silva, actual vice-chairman da Sonae Indústria, com a opção de compra da TEAK CAPITAL só foi revelada num segundo comunicado da Sonae Indústria, enviado nesta quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Nesse comunicado a TEAK CAPITAL informava "que a opção de compra de 1.702.620.000 (mil setecentas e duas milhões e seiscentas e vinte mil) acções representativas do capital social da Sonae Indústria, SGPS, S.A. será efectuada com liquidação física, bem como que, 98,725% do capital social da TEAK Capital, S. A. é detido pela sociedade TEAK Capital B.V., na qual o Eng.º Carlos Moreira da Silva detém acções que lhe conferem 40% dos direitos de voto e a Dr.ª Fernanda Arrepia (com aquele casada com separação de pessoas e bens) acções que lhe conferem 45% dos direitos de voto".

O primeiro comunicado da Sonae Indústria sobre esta matéria, divulgado na terça-feira à noite, não revelava quem eram os accionistas da TEAK Capital, e apenas referia que a opção de compra era "concedida a titulo de contrapartida", no âmbito de "um contrato de prestação de serviços".

Moreira da Silva foi presidente da Sonae indústria durante vários períodos, participando activamente na sua expansão para vários continentes. Mas também a ele estão associados alguns negócios menos bem sucedidos, como a compra da alemã Glunz. 

Com o apoio da Sonae, e à semelhança do que aconteceu com outros ex-quadros de topo, Carlos Moreira da Silva comprou uma participação na Barbosa e Almeida, assumindo posteriormente o controlo da vidreira que está na base do actual grupo BA, de que é o maior accionista. Carlos Moreira da Silva fez ainda uma incursão, que não foi coroada de êxito, no capital e gestão da espanhola La Seda.

Em 2014, altura em se dá o último regresso de Moreira da Silva à Sonae Indústria, estava em curso um plano de reestruturação, que implicou a venda de várias fábricas e a saída de países como o Brasil e a França. Mais recentemente, a empresa que já chegou a ser a maior multinacional portuguesa fez uma venda/parceria com os mexicanos da Arauco, que passaram a deter 50% de um conjunto alargado de negócios da Sonae Indústria, que serão agrupados numa nova empresa, detida em partes iguais e denominada Sonae Arauco. 

Em 2015, a Sonae indústria, de que Paulo Azevedo é chairman, melhorou os principais indicadores económicos, mas ainda apresentou resultados negativos.

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