Parabéns e uma retrospectiva, Mr. David Hockney

Mais de 160 obras do artista inglês vão fazer o retrato de uma carreira com seis décadas, vivida sempre a desafiar convencionalismos e a pôr a arte em causa. Na Tate Britain, em Londres, a partir de 9 de Fevereiro de 2017.

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David Hockney tem estado envolvido na preparação desta exposição, tendo pedido mesmo que se considerassem outros trabalhos que, à partida, não estavam incluídos Suzanne Plunkett/REUTERS

A Tate Britain promete inaugurar dentro de um ano a maior retrospectiva de sempre consagrada a David Hockney. Um percurso ambicioso pelos 60 anos de carreira do artista inglês, que abrange várias facetas da sua obra – pintura, fotografia, desenho, gravura e vídeo.

Lê-se no comunicado que o museu londrino publica no seu site que a exposição incluirá uma “extensa selecção dos seus trabalhos mais conhecidos”, explorando os desafios “espirituosos e brilhantes” que foi impondo à pintura convencional, desde as primeiras obras, em 1961, quando era ainda estudante, às mais recentes, que recorrem a novas tecnologias.

“A exposição vai mostrar Hockney como alguém que questiona de forma inteligente e profunda a essência da arte”, continua. “Ele é um dos grandes marcos do pós-modernismo, usando a paródia e a auto-reflexão e brincando com a representação e o artifício.” Para o artista, hoje com 79 anos, a retrospectiva da Tate que inaugura em 2017 foi uma oportunidade para olhar para trás, revendo trabalho feitos há décadas e que, nalguns casos, são hoje como “velhos amigos”.

“Com esta exposição estamos a olhar para uma vida inteira”, disse Hockney, citado pela imprensa britânica, em jornais como o Guardian e o Independent. “Espero que, tal como eu, as pessoas apreciem ver como as raízes do meu trabalho mais recente se podem encontrar em desenvolvimentos ao longo dos anos.”

David Hockney tem estado muito envolvido na preparação desta exposição, disse ao diário The Guardian um dos seus comissários, Chris Stephens, admitindo que, depois de feita a selecção das obras, o enfoque da retrospectiva se alterou um pouco, já que o artista pediu que se considerassem outros trabalhos que, à partida, não estavam incluídos.

Ao todos serão cerca de 160 obras, algumas delas nunca mostradas, desde telas a óleo com cinco metros, algumas expostas na Royal Academy em 2012, a pequenas experiências com o seu iPad. Na exposição, para além de duas pinturas icónicas da própria Tate Britain – A Bigger Splash e Mr. And Mrs. Clark and Percy -, que estão entre as mais populares da sua colecção, estarão outros exemplares de períodos paradigmáticos na obra do artista, das pinturas homoeróticas dos anos 1960-61 aos trabalhos que tem feito desde que regressou à Califórnia, em 2013, passando pelas célebres piscinas de Los Angeles - como Pool with Two Figures (1971) – e pelas paisagens do Yorkshire.

Quando a nova retrospectiva for inaugurada, a 9 de Fevereiro, terão passado quase 30 anos sobre a última, que teve estreia no Los Angeles County Museum of Art e depois viajou para Londres e Nova Iorque. A de 2017 também vai apanhar o avião, instalando-se no Centro Pompidou, em Paris, e no Museu Metropolitan, em Nova Iorque.

Trinta anos é muito tempo, lembra Chris Stephens, especialmente no percurso de um artista como Hockney, que está sempre à procura de novas maneiras de responder às perguntas do costume sobre as possibilidades da arte – e as suas limitações – na representação do mundo.

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