Assunção Cristas defende que CDS deve concorrer sozinho em futuras legislativas

Candidata à liderança dos centristas e ex-ministra diz que tanto CDS como PSD ganham em ir sozinhos às eleições.

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Pedro Afonso de Paulo demitiu-se por não concordar com o peso que a agricultura tinha no ministério de Assunção Cristas Daniel Rocha (arquivo)

A candidata a presidente do CDS-PP Assunção Cristas defendeu esta sexta-feira que o seu partido, após as experiências governativas ao lado do PSD, deve concorrer separado dos sociais-democratas a futuras eleições legislativas, para "marcar caminho, olhando em frente".

"Tivemos um programa comum para um Governo comum. Se se voltar a colocar esse cenário [eleições legislativas], temos de analisar soluções dentro do actual quadro parlamentar. Se não for dentro do actual quadro, penso que ganham [ambos os partidos, CDS-PP e PSD] em ir separados a eleições legislativas", afirmou, justificando a opção com um "marcar de caminho, olhando em frente".

A deputada democrata-cristã falava num almoço-debate com militantes no Instituto Democracia e Liberdade Amaro da Costa, em Lisboa, e admitiu eventuais diálogos com o PS, desde que os socialistas reapareçam com sentido de responsabilidade, "sem lógicas assentes na extrema-esquerda", como actualmente, e, de preferência, sem António Costa, "que perdeu as eleições por seis pontos e não se demitiu", na liderança.

"Vamos ter eleições autárquicas em Setembro ou Outubro de 2017 e regionais nos Açores. Para as legislativas, não temos dia e hora para elas. Temos de estar preparados para, em qualquer momento e contexto, irmos a eleições", continuou, lamentando a instabilidade governativa presente em virtude de o PS contar com o apoio de BE, PCP e PEV no Parlamento.

Segundo Assunção Cristas, o CDS-PP tem "uma posição claríssima", de oposição firme, construtiva", mas "um PS com um primeiro-ministro que chegou desta forma ao poder é com a esquerda que tem de se entender".

A "imprudência" de Costa sobre o Banco de Portugal
Para a deputada democrata-cristã, as recentes declarações de António Costa e outros dirigentes do PS sobre o Banco de Portugal e em especial o seu governador constituem "mais uma imprudência" dos socialistas. "Todos nós defendemos um supervisor mais pró-activo, capaz de prever e de intervir, mas independente. O CDS sempre defendeu que [o governador do BdP] devesse ser nomeado pelo Presidente da República. Não pode servir de arma de arremesso político. Mais uma vez, um golpe na credibilidade nas instituições e no nosso país", frisou, referindo-se à actuação do chefe do Governo do PS.

A responsável do CDS-PP defendeu ainda uma solução célere para os "lesados do BES", designadamente através de um "tribunal arbitral, com representantes das várias partes e um presidente independente". "Nós vemos um primeiro-ministro bastante imprudente, colocando em risco os esforços efectivos dos portugueses, com habilidades políticas - como esta de que negociou muito o orçamento em Bruxelas -, mas que só trazem inquietude e, sobretudo, não traduzem posição de respeito para com esforços e sacrifícios que os portugueses fizeram durante este tempo", insistiu.

Para Assunção Cristas, António Costa está a protagonizar "um logro, uma mentira", pois, "de facto, não houve fim ou um virar de página da austeridade". "Quanto muito, se virou a página, foi para escrever nas costas outras medidas também elas de austeridade", ironizou, referindo-se ao aumento do imposto sobre os combustíveis, afectando milhares de famílias portuguesas.

A centrista salientou ainda as iniciativas que estarão a ser preparadas por BE e PCP para reclamar a reestruturação da dívida e a postura do executivo socialista. "Das duas uma: ou fala pela boca dos outros e diz uma coisa em Bruxelas com vestes institucionais, mas depois vai lançando aquilo que realmente pretende fazer ou, então, faz uma fraquíssima figura, sem conseguir acertar em aspectos tão relevantes como o que vai acontecer à nossa dívida e sua trajectória", afirmou.

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