Soluções eficazes, procuram-se

Perante o desemprego há que tocar todas as teclas donde possa saltar um emprego.

Há tempos, alguém com responsabilidades imaginou e teimou na solução de um túnel no Marquês para obviar ao emaranhado do tráfego local com graves sequelas. Choveram críticas e boicotes que atrasaram e encareceram a construção. Mas o túnel é um enorme sucesso.

Há países com think-tanks, criados por Fundações ou ONG, que se debruçam sobre temas de interesse nacional, para os aprofundar e criar correntes de opinião. Isso não impede que junto de cada área de governação, além do estudo dos assuntos do dia-a-dia, haja grupos ad-hoc, de ‘curiosos’ e imaginativos, a orientar o encontrar de soluções expeditas para os problemas emergentes.

Tem havido soluções transitórias (que, muitas vezes se fazem permanentes, como os viadutos metálicos de Santos e Castro) para aliviar problemas, dando tempo para a solução definitiva. Na Ponte 25 de Abril, com as 4 faixas de rodagem, um responsável propôs criar/operacionalizar a 5.ª faixa que se usaria alternadamente no sentido do maior fluxo. Uma magnífica ‘solução-alívio’, até aparecer a outra ponte!

Por vezes há capacidade instalada, ociosa; como aproveitá-la? Na net corre uma anedota (imagino-a real) de um empresário de Nova Iorque que vai a Mumbai, em negócios. A caminho do aeroporto, entra num banco e pede um empréstimo de 5.000 dólares. Dizem-lhe que sim, mas terá de dar uma garantia. Ele entrega a chave do seu carro Jaguar, mais valioso que os 5.000 dólares. Papelada... e aí estão os 5.000 dólares. Quinze dias depois, regressa, e vai directo ao banco: devolve os 5.000 dólares, e paga os juros e comissões, calculadas em 15,41 dólares.

À saída interpelam-no, “à confiança”: “Tivemos curiosidade de saber quem era e verificamos tratar-se de um empresário bem-sucedido e rico”. Ficamos ‘baralhados’… por precisar de um empréstimo de 5.000 dólares para os negócios”… Responde-lhes: “indiquem-me um sítio em Nova Iorque, onde possa ter o carro em segurança, por quinze dias, pagando 15,41 dólares!!!”.

Esta ‘anedota’ faz pensar em muita capacidade ociosa, nas sociedades ‘ricas’: autocarros vazios, escolas sem alunos, casas não habitadas, comboios com poucos passageiros, ‘metro’ a meio, etc. Como aproveitá-la, podia ser um exercício de imaginação muito produtivo. Como fazer que circulem menos carros na cidade, para que os transportes colectivos vão mais cheios e mais depressa? As escolas sem alunos poderiam ocupar-se com cursos técnico-profissionais… ou serem centros culturais locais…, museus, etc. As casas desocupadas, podiam ser vendidas ou arrendadas a bom preço…

Um flagelo grave da actualidade é o desemprego: de pessoas com experiência (engenheiros, arquitectos, professores, advogados...), de recém-formados sem experiência e de jovens que abandonaram os estudos. Ao mesmo tempo há procura de Informáticos…. Procuram-se pessoas com alguma experiência de empresa…e nada!

Não será possível ‘desenhar’ uma pós-graduação em Tecnologias de Informação, para os licenciados com experiência, com a parte escolar exigente, mas condensada, com avaliações e boa qualidade de ensino, que em 6 meses possam preparar-se para trabalhar com mestria na informática? Parece fácil, e a India faz muito disto!

Conhecimentos e experiência anteriores são úteis para adaptar as TI a esses domínios e criar aplicações de interesse.

É socialmente relevante que as empresas recebam estagiários, digamos por 6 meses, com trabalhos bem planeados, para treinar os jovens para a vida profissional, tornando-os mais empregáveis e, quem sabe, capazes de começar alguma start-up na actividade em que se sentem confortáveis.

Perante o desemprego há que tocar todas as teclas donde possa saltar um emprego. Um think-tank ou uma comissão ad-hoc para estudar junto de cada PALOP, com falta de pessoas qualificadas, os eventuais protocolos de colocação; tentando também apoios de organismos europeus.

É preciso aguçar a imaginação para desenvolver ideias de comum interesse: o ensino generalizado, nos PALOP que querem avançar depressa, pode ficar comprometido na qualidade, sem bons professores; e haverá muito bons professores e suas famílias disponíveis aqui, para se fixarem por alguns anos num dos países pelos quais nutrem uma simpatia particular. Devia ser um ‘jogo’ bem pensado em que todos ganhassem…

Professor da AESE-Business School e Dirigente da AAPI

Sugerir correcção
Comentar