A Fóia mostrou que León Sánchez era o candidato escondido à vitória final

Ciclista espanhol bateu o britânico Geraint Thomas (Sky), campeão em título, em cima da linha da meta da segunda etapa

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Luis León Sánchez é o novo camisola amarela no Algarve DR

Luis León Sánchez (Astana) mostrou esta quinta-feira que é o outsider que faltava nas contas da 42.ª Volta ao Algarve em bicicleta, ao vencer a segunda etapa, no alto da Fóia, para vestir a camisola amarela.

Quando toda a gente apontava o seu colega Fabio Aru como um dos grandes candidatos a vencer no regresso da Fóia à ‘Algarvia’, a Astana apostou no efeito surpresa e, numa jogada de mestre, lançou um trunfo esquecido na lista de apostas, com León Sánchez a demonstrar, uma vez mais, que se dá bem com os ares portugueses e a bater o campeão em título, o britânico Geraint Thomas (Sky), em cima da linha de meta.

“Estou contente por ganhar uma chegada de montanha, embora este final não fosse para puros escaladores, mas sim para ciclistas potentes como eu ou o Thomas”, confessou o novo camisola amarela que, nesta sexta-feira, no contrarrelógio de 18 quilómetros em Sagres, pode reforçar a sua liderança, uma vez que é essa a sua verdadeira especialidade.

Dois anos depois de se ter exibido na Volta a Portugal com a Caja Rural – dizem as ‘más-línguas’ que o espanhol optou por não discutir a prova para poder concentrar-se na Vuelta e, assim, ganhar o passaporte de regresso à primeira divisão do ciclismo mundial -, o murciano mostrou-se nos metros finais da subida até ao ponto mais alto (900 metros) do Algarve, finalizando o trabalho iniciado por Paolo Tiralongo e Diego Rosa.

Foi nos derradeiros oito quilómetros que a segunda etapa se decidiu, mas foi muito antes, nos primeiros oito, que Oliver Naesen (IAM Cycling), Sean de Bie (Lotto Soudal), Gregory Rast (Trek-Segafredo), Jonatan Lastra (Caja Rural), Alberto Cecchin (Team Roth), Jonas Koch (Verva ActiveJet) e Ricardo Mestre (W52-FC Porto) se decidiram mostrar.

Os sete, indiferentes à série de quedas que se sucediam no pelotão e que levaram à desistência de homens como António Carvalho (W52-FC Porto), Daniel Silva (Rádio Popular-Boavista) ou David López (Sky) -, pedalaram contra o vento e contra o comboio da Tinkoff, não conseguindo mais do que 3m40s de vantagem.

Passada a contagem de terceira categoria de Padescas, as escassas forças dos fugitivos cederam à perseguição do pelotão, com a fuga a ser anulada aos 159,5 quilómetros, altura em que, à cabeça do grupo, se assomaram os grandes candidatos à vitória final.

Na subida para a Pomba, a contagem de segunda categoria que antecedia a escalada final, Alberto Contador (Tinkoff) mexeu a corrida, estilhaçando o pelotão, e abriu as hostilidades: nos 7,4 quilómetros até ao alto da Fóia, com uma inclinação média de 6,6 por cento, os ataques sucederam-se, com o português Nelson Oliveira (Movistar), Zdenek Stybar (Etixx-QuickStep), Diego Rosa (Astana) e Robert Gesink (Lotto NL-Jumbo) a ganharem escassos segundos de vantagem.

Mas o voluntarismo do quarteto esbarrou nas pretensões de León Sánchez, que seguiu na roda de Thomas e soube manter o sangue frio para ser o primeiro no final dos 198,6 quilómetros da segunda tirada, que arrancou em Lagoa, com o tempo de 5h08m25s, um segundo à frente do campeão em título.

Tiago Machado (Katusha) voltou a ser o melhor português, no quinto lugar, a cinco segundos, mas nem por isso estava totalmente satisfeito: “Facilitei. Pensei que a etapa seria discutida entre o Aru e o Contador e fiquei na roda deles. Quando percebi que não iam bem [o italiano foi décimo, a 15 segundos, e o espanhol foi 21.º, a 24], arranquei, mas já não havia estrada suficiente para os apanhar”.

Quatro segundos atrás de si, na sétima posição, chegou Amaro Antunes (LA-Antarte), o segundo melhor ciclista nacional e o melhor português das equipas lusas.

A Fóia, que regressou ao traçado da Algarvia depois de 14 anos de ausência, fez uma primeira grande selecção de favoritos. Líder com cinco segundos de vantagem para Thomas, o espanhol da Astana é agora um sério candidato, como o são Ion Izaguirre (Movistar), quarto a 13 segundos, Machado, quinto a 15, e até Tony Martin (Etixx-QuickStep), que apesar de este quinta-feira ter dito à Lusa que não estava na luta pela sua terceira vitória final na ‘Algarvia’, está a apenas 25 segundos de Sánchez, uma diferença recuperável no ‘crono’ desta sexta-feira.

A nota negativa vai para Contador, que ocupa a 20.ª posição, a uns distantes 34 segundos, uma desvantagem que nem o alto do Malhão (Loulé), reservado para este domingo, dia da quinta e última etapa, parece poder anular.

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