Cientistas do Porto em projecto para detectar tamanho de planetas

Portugueses participam no desenvolvimento de um satélite que permitirá determinar o tamanho de planetas extra-solares e que será lançado em 2017

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Parte do satélite CHEOPS C. Carreau/ESA

Investigadores do Porto do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) estão a participar na criação de um satélite, a lançar em 2017, que torna possível determinar o tamanho de planetas cuja estrela não é o Sol. De acordo com o investigador Sérgio Sousa, membro da equipa científica do projecto, o objectivo do CHEOPS — Characterising Exoplanet Satellite — "não é descobrir novos planetas mas estudá-los melhor", através da detecção de trânsitos de planetas extra-solares (que orbitam uma estrela que não seja o Sol), utilizando fotometria de alta precisão.

O método consiste na medição da diminuição da luz de uma estrela, provocada pela passagem de um planeta extra-solar à frente dessa estrela (algo semelhante a um micro-eclipse). Através de um trânsito, é possível determinar apenas o raio do planeta. Este método é complicado de usar porque exige que o planeta e a estrela estejam exactamente alinhados com a linha de visão do observador, esclarece Sérgio Sousa.

"Os dados vão ser medidos no satélite e enviados para a Terra, mas depois temos que fazer um tratamento para ver realmente o que estamos a observar", explica o investigador, que contribui também para o desenvolvimento e implementação do "software" para a calibração dos dados do CHEOPS.

Iniciado em 2013, o projecto tem uma duração de cinco a sete anos e um investimento de 50 milhões de euros por parte da ESA e outros tantos dos parceiros do consórcio, neste caso a Suíça, Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Hungria, Itália, Espanha, Reino Unido, Suécia e Portugal, indica Nuno Santos, investigador e coordenador do projecto a nível nacional.

Esta é a "primeira missão de classe 'small mission' (pequena missão) da Agência Espacial Europeia (ESA)", refere Sérgio Sousa, acrescentando que o "baixo" investimento leva a que a mesma seja "menor, com menos recursos e com um calendário mais curto", comparativamente a outras missões espaciais, que duram entre dez a 20 anos.

O IA resulta da fusão do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) e do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL) e inclui nesta missão representantes na parte da coordenação da missão, na equipa científica e ao nível técnico (desenvolvimento do "software" para a calibração dos dados). "Todas as investigações que decorrem no instituto fazem parte de uma estratégia de longo prazo por parte da equipa. Na área dos planetas extra-solares, este é um dos projectos que visa detectar e caracterizar planetas cada vez mais parecidos com a Terra", informa Nuno Santos.

O projecto é um caso de colaboração entre a ciência e a indústria, estando a cargo da empresa portuguesa DEIMOS Engenharia a implementação das componentes principais do Centro de Operações Científicas da missão, cujo valor ronda os dois milhões de euros. A investigação conta também com o contributo dos investigadores Susana Barros, Alexandre Santerne e Solène Ulmer-Moll, do núcleo do Porto do IA.

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