Ministro diz que demissão de Paulo Campos “decorreu dentro da normalidade”

Sobrinho Simões vai coordenar o Conselho Nacional dos Centros Académicos de Medicina, uma parceria entre os ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

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O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse esta terça-feira que a decisão de demitir Paulo Campos da presidência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) decorreu das recomendações da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) – “tudo dentro daquilo que é a normalidade jurídica e a normalidade do funcionamento do Estado”.

“O ministro da Saúde deu cumprimento àquilo que foi uma recomendação da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde”, reiterou, dizendo que há um presidente interino do INEM, Luís Meira, e vai ser de imediato aberto o procedimento concursal para a substituição de Paulo Campos. Confirmou ainda que o processo foi enviado para o Ministério Público.

No Porto, em declarações aos jornalistas, no final da cerimónia da tomada de posse do novo Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar de São João, liderado por António Oliveira e Silva, o governante refutou que o episódio da demissão de Paulo Campos tenha descredibilizado o INEM. “O INEM é uma instituição de referência, constituída por profissionais muito dedicados e muito empenhados. O país precisa de confiar no INEM e o ministro da Saúde confia no INEM”, sublinhou.

Adalberto Campos Fernandes “homologou a proposta de cessação da comissão de serviço” de Paulo Campos. A IGAS investigou a actuação do ex-presidente do INEM na alegada interferência no transporte de uma doente, em helicóptero do INEM, do Hospital de Cascais para o de Abrantes.

Durante a cerimónia da tomada de posse da nova administração do Centro Hospitalar de São João, o ministro da Saúde anunciou que o presidente do Instituto Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATMUP), Sobrinho Simões, eleito recentemente pelos seus pares como o patologista mais influente do mundo, vai coordenar o Conselho Nacional dos Centros Académicos de Medicina.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, está envolvido juntamente com o titular da pasta da Saúde neste projecto, e segundo Adalberto Campos Fernandes, o futuro Conselho Nacional dos Centros Académicos de Medicina visa “estreitar as relações entre os hospitais universitários, os centros de investigação e a prestação hospitalar”.

O objectivo é "criar uma dinâmica a nível nacional, criar um padrão de funcionamento que seja mais sustentado e, sobretudo, mais sólido; criar, inclusivamente, incentivos ao próprio desenvolvimento dos centros académicos”, disse o ministro, revelando que a ideia é aumentar para seis ou sete o número de centros académicos.

Aos jornalistas, o ministro sublinhou depois que a “saúde representa em Portugal uma fileira muito importante a nível da investigação e do desenvolvimento, para além da fileira exportadora, que tem um capital muito relevante”. “Portugal tem quer na iniciativa pública, quer na iniciativa privada, centros de referência muito importantes e nós queremos criar mecanismos para que as competências que existem ao nível do conhecimento, da investigação e da ciência no domínio da saúde façam de Portugal um país que esteja na premeira linha em termos europeus”.

Adalberto Campos Fernandes elogiou a gestão do anterior presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar São João, António Ferreira, que se encontrava sentado na primeira fila do anfiteatro da faculdade do Hospital de São João. “Ficamos sempre credores dos seus exemplos. O professor António Ferreira demonstrou que o Serviço Nacional de Saúde não é ingovernável”, elogiou o ministro da Saúde. 

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