Com novas chuvas, mosteiro de Santa Clara-a-Velha voltou a ser inundado

Estabelecimentos comerciais também foram afectados pelas cheias em Coimbra. Município accionou plano de emergência.

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Ainda há um mês, o Mosteiro de Santa Clara esteve parcialmente submerso Sérgio Azenha

O mau tempo voltou a provocar inundações nas margens do rio Mondego, um mês depois de as cheias terem provocado danos em monumentos e estabelecimentos comerciais na cidade de Coimbra.

A chuva ininterrupta e o aumento do caudal do rio levaram a Comissão Municipal de Protecção Civil de Coimbra a accionar o Plano Especial de Emergência para Cheias e Inundações (PEECI) ao início da tarde deste sábado. Esta medida “prende-se com o registo de várias cheias e inundações que levaram ao corte da circulação em algumas vias e de o débito de água na ponte-açude superar 1200 metros cúbicos de água por segundo”, refere o município em comunicado.

As águas voltaram ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, na margem sul do rio, um dos mais afectados pela subida das águas em Janeiro. Também na margem norte, os bares, esplanadas e restaurantes do Parque Verde voltaram a ser inundados, com a água do rio a atingir metade da altura das portas dos estabelecimentos.

Ao PÚBLICO, a directora da Direcção Regional de Cultura do Centro (DRCC), Celeste Amaro, refere que, desta vez, a água chega aos 40 centímetros no mosteiro, quando a 11 de Janeiro, provocada pelas descargas da barragem da Aguieira, atingiu os cinco metros.

Mas antes, o comandante dos Bombeiros Sapadores de Coimbra, Paulo Palrilha, confirmou à  Lusa que os acessos ao mosteiro e parte do edifício gótico foram invadidos por águas com cerca de metro e meio de altura, com a subida do rio a isolar a montante cerca de 30 habitações na povoação do Cabouco.

A entidade responsável pelo Mosteiro de Santa Clara-a-Velha diz que o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) está em contacto directo com a Agência Portuguesa do Ambiente – que autoriza e controla as descargas –, o que possibilitou tomar medidas de precaução durante a noite.

Na nota enviada aos jornalistas, o município dava conta de que, mesmo antes de accionado o PEECI, “foram efectuados vários avisos nas áreas mais críticas, colocados sacos de areia em alguns pontos e sinalizadas áreas interditadas”.

Às quatro da manhã de sábado, a Protecção Civil ergueu uma barreira artificial para tentar “impedir que [a água] inundasse o mosteiro”, disse a directora da DRCC. Estas cheias “não têm comparação” com as do último mês, realça.

Na sexta-feira, a DRCC tinha realizado uma conferência de imprensa para apresentar um balanço das cheias do último mês. Celeste Amaro apontava para prejuízos entre os 450 mil e os 600 mil euros e anunciava a intenção de abrir o monumento nacional ao público no espaço de um mês. Com esta nova subida das águas, a responsável admite que este prazo pode sofrer alterações.

O sistema de quatro bombas do mosteiro está “a funcionar ininterruptamente” até que toda a água seja escoada.

Entre o mosteiro e o rio está o restaurante Tertúlia, que também voltou a ter água dentro de portas. Catarina Ribeiro, funcionária do estabelecimento, conta que tinham sido avisados “atempadamente” de que a água iria subir, “ao contrário do mês passado”. Por isso tiveram tempo de salvaguardar os equipamentos mais valiosos no primeiro andar, restando agora retirar a água, limpar paredes e chão.

A zona do Parque da Canção, também na margem Sul, está completamente alagada.

Para além destas inundações na cidade de Coimbra, há ainda registo do corte de várias estradas municipais em vários concelhos do distrito. O CDOS avança que a subida das águas de vários ribeiros impossibilitam a circulação em estradas municipais em Soure, Condeixa, Arganil e Lousã. Há também registo de queda de muros e barreiras nos concelhos da zona mais interior do distrito, sendo que Figueira da Foz, Cantanhede e Mira, no litoral, são menos dos afectados pelo mau tempo.

Já ao final da tarde, a Câmara Municipal de Coimbra emitiu um alerta às populações “residentes ou com instalações situadas em zonas ribeirinhas ou com possibilidade de cheia/inundação” para que estas “adotem medidas tendentes a minimizar estragos e se coloquem em posições segura”.

A Protecção Civil prevê que, “nas próximas horas”, se verifique “um aumento do caudal dos rios Mondego e Ceira, bem como de outras linhas de água”, situação que deverá manter-se até, pelo menos, às 17h de domingo.

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