Marcos Perestrello e Pedro Nuno Santos mantêm projecto partidário

Dois membros do Governo mantêm-se à frente das federações.

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Pedro Nuno Santos Daniel Rocha
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Marcos Perestrello Daniel Rocha

A continuidade do projecto partidário é a razão que leva quer Marcos Perestrello, secretário de Estado da Defesa, quer Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, a recandidatarem-se à presidências das federações do PS de Lisboa e de Aveiro, apesar de serem ambos secretários de Estado no Governo chefiado por António Costa. E se Pedro Nuno Santos sublinha ao PÚBLICO que é “dirigente nacional”, o seu projecto para Aveiro “tinha como prazo oito anos”. Marcos Perestrello aponta o mesmo horizonte e afirma: “Eu sou secretário de Estado porque sou dirigente do PS.”

As eleições para as 19 federações do PS estão marcadas para 4 e 5 de Março, os respectivos congressos realizam-se duas semanas depois. Mas apenas em Lisboa e Aveiro surgem as recandidaturas de membros do Governo. Os outros dois que acumulavam funções não se recandidatam: o secretário de Estado das Comunidades e presidente da distrital do Porto, José Luís Carneiro; o secretário de Estado das Autarquias Locais e presidente da Federação Regional do Oeste, Carlos Miguel, e o presidente da Federação de Évora, Capoulas Santos - o único ministro que tinha responsabilidades federativas no partido.

É de registar que não há nenhuma regra nos estatutos do PS que impeça ou desaconselhe esta acumulação de funções. Aliás, há quem considere que esta situação é apenas uma decorrência do quadro geral da política democrática, em que os partidos exercem o poder governativos e os líderes partidários não abandonam a liderança dos respectivos partidos pelo facto de serem primeiros-ministros. O exemplo óbvio é o do primeiro-ministro, António Costa, que é secretário-geral do PS.

Ao PÚBLICO, Pedro Nuno Santos explica que não há nenhuma dificuldade em assumir os dois cargos. “Vamos organizarmo-nos na Federação para assegurar que as coisas correm bem”, garante Pedro Nuno Santos, anunciando que terá um vice-presidente na Federação de Aveiro, Jorge Sequeira, com quem vai dividir tarefas de forma a colmatar a distância entre Lisboa e Aveiro.

"É normal que eu não deixe de exercer por estar no Governo, eu sou militante e dirigente do PS”, defende Pedro Nuno Santos, apontando para o facto de o seu mandato no Governo ser temporário, enquanto a sua condição de militante e dirigente do PS é a mais longo prazo.

Por seu lado, Marcos Perestrello lembra ao PÚBLICO que era secretário de Estado da Defesa quando foi eleito para a liderança da FAUL, eleição onde bateu tangencialmente por 150 votos o histórico Joaquim Raposo, que “tinha o apoio de nove dos onze presidentes de concelhias do PS e de cinco dos seis presidentes da câmara socialistas”.

Marcos Perestrello lembra que só na sua terceira e última candidatura teve oposição. Contra ele candidatou-se António Galamba, em representação da direcção nacional liderada por António José Seguro. Agora não tem concorrente anunciado, sendo que o prazo limite para a apresentação de candidaturas termina a 18 de Fevereiro. A sua recandidatura é feita com base numa moção redigida por João Tiago Silveira, Miguel Prata Roque, Miguel Cabrita e Pedro Delgado Alves.

“Candidatei-me em 2010 no ciclo de limitação de mandatos e o limite são quatro mandatos ou oito anos”, explica Marcos Perestrello, afirmando: “Vejo com naturalidade que os dirigentes partidários exerçam funções governativas e que governantes exerçam cargos partidários.”

E sobre o seu projecto para a FAUL, Marcos Perestrello considera que foi “um ciclo que de facto faz sentido concluir.” E argumenta: “Para mais tendo nós, na Federação de Lisboa, lutado pela mudança da organização administrativa existente, gostava de estar à frente da Federação quando fosse a eleição do presidente da estrutura administrativa metropolitana .“ Este objectivo prende-se com o facto de esta ideia ser uma proposta da sua primeira candidatura à FAUL, que agora “teve transcrição no programa do Governo”.

Marcos Perestrello não deixa de lembrar que a FAUL “é a federação mais influente do PS, no sentido em que são nela militantes os principais dirigentes do partido”. Além de que tem “as maiores câmaras, temos a Câmara de Lisboa, a de Sintra, a da Amadora, a de Vila Franca a de Odivelas” e detém ainda a presidência do Conselho Metropolitano de Lisboa, cujo presidente quer ver eleito enquanto dura a sua liderança à frente da federeção.

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