Uma sanita de plástico e portátil pode ajudar a salvar vidas

Uma jovem designer norte-americana desenhou um sistema sanitário portátil e acessível para populações de países em desenvolvimento que não têm acesso a sanitas. Projecto de Jasmine Burton já ganhou prémios e pode ajudar a salvar vidas

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Em todo o mundo, perto de 2,5 mil milhões de pessoas não têm acesso a uma sanita ou a uma casa-de-banho devidamente equipada. São obrigadas a usar buracos no chão ou latrinas sem condições e abdicam da privacidade, ficando expostas a parasitas. Os problemas decorrentes da falta de higiene sanitária causam doenças (como a cólera) que, por sua vez, conduzem a um abandono escolar precoce, a um empobrecimento da comunidade e, no limite, à morte.

Foi a pensar na realidade de quase um terço da população mundial (estimada em 7,2 mil milhões de pessoas) que uma estudante do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos, idealizou uma sanita de plástico portátil e acessível. Jasmine Burton, de 23 anos, frequentava o primeiro ano do curso de Design quando tomou contacto com o número de pessoas sem acesso a sanitas e com o facto de as mulheres serem as mais afectadas com este problema.

“Nos países em desenvolvimento, as meninas desistem da escola frequentemente porque não existem sanitas”, disse à CNN. “Isto revoltou-me como mulher a frequentar o ensino superior e como designer de produto.” Jasmine, na altura com 18 anos, decidiu desenhar uma sanita portátil em colaboração com três outros estudantes do instituto norte-americano.

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Jasmine Burton no Quénia, em 2014, quando a SafiChoo foi testada num campo de refugiados

O produto tinha que ser acessível e amigo do ambiente. Converter os desperdícios em energia renovável era um dos requisitos fundamentais para os estudantes universitários: o sistema está pensado para separar os resíduos líquidos dos sólidos. Feita de plástico, a sanita está desenhada para que as pessoas a usem sentadas ou agachadas, prática comum em alguns países, com ou sem água. E, de acordo com o mesmo canal televisivo, esta pode ser colocada directamente no chão ou elevada através de uma base amovível, podendo ainda ter um bidé operado manualmente.

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Em 2014, Jasmine e os colegas avançaram com a criação do sistema sanitário SafiChoo, testado num campo de refugiados no Quénia, para onde viajaram após terem vencido os 25.000 dólares (22.300 euros) do concurso “Georgia Tech InVention”. Os jovens formaram, ainda, uma organização de impacto social chamada Wish for WASH.

A SafiChoo, que tem um preço máximo de 50 dólares (cerca de 44 euros), é produzida em Atlanta, nos Estados Unidos, e Jasmine espera poder vender o produto a organizações não-governamentais já a partir de 2017. Por agora, a designer vive em Lusaka, na Zâmbia, onde supervisiona a implementação do produto, após uma campanha de “crowdfunding” bem sucedida no fim de 2015. “É incrível quando vês quantas pessoas nunca usaram uma sanita antes e o que a SafiChoo pode significar para elas”, confessou à CNN.

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