Alunos com apoios sociais desistem menos do ensino superior

Quase 20% dos alunos da Universidade de Évora deixaram de estudar nos últimos três anos, indica estudo que é apresentado esta quarta-feira.

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O número de estudantes com bolsas de acção social que desistem do ensino superior é três vezes menor do que entre os estudantes que não tiveram qualquer apoio para estudar. A conclusão é de um relatório da Universidade de Évora, que esteve a estudar as causas do abandono escolar entre os seus alunos nos últimos três anos. Nesse período, cerca de 20% dos estudantes que entraram naquela instituição de ensino superior acabaram por não concluir as respectivas formações.

De acordo com o documento da Universidade de Évora, que é apresentado esta quarta-feira, deixaram os estudos 5,4% dos alunos de licecnciatura que recebiam bolsas de acção social, ao passo que, entre os alunos que não tiveram nenhum tipo de apoio, esse valor ascendeu a 15,1%. “Uma maior duração de tempo em anos de apoio social está associada a uma menor proporção de estudantes inactivos”, valoriza Rosalina Pisco Costa, socióloga daquela instituição de ensino superior, que coordenou o trabalho. No mesmo sentido, nenhum dos estudantes que receberam apoios dos programas de apoio social específicos daquela universidade, complementares às bolsas de acção social, abandonou a universidade.

Esta investigação foi conduzida, ao longo do último ano, por um grupo de trabalho nomeado pela reitoria da universidade e que incluía docentes e investigadores da instituição, técnicos superiores dos diferentes serviços que lidam com os estudantes e representantes da Associação Académica da Universidade de Évora, tendo sido analisados os dados dos três últimos anos lectivos. Nesse período, entraram na instituição 9790 estudantes (nas várias licenciaturas, mestrados, pós-graduações e doutoramentos), dos quais 19,7% já não estavam a estudar no momento em que foi realizado este levantamento.

A percentagem de estudantes que desistem do ensino superior é mais baixa nas licenciaturas (12,6%) e mestrados integrados (13,5%), crescendo nos níveis de estudo seguintes: 30,7% dos alunos de mestrados de 2º ciclo e 27,9% dos estudantes de doutoramento saem antes de concluir as respectivas formações. Estes dados são um primeiro indicador de um “fenómeno complexo” encontrado pelo grupo de trabalho da Universidade de Évora, diz Rosalina Pisco Costa. Os motivos para o cancelamento da matrícula variam consoante o ciclo de estudo em que estão os alunos.

Por exemplo, para os estudantes de licenciatura assumem importância factores como as infraestruturas e equipamentos à sua disposição na universidade ou os problemas causados pela fase de transição e integração no ensino superior. Os alunos deste ciclo de estudo também incluem a motivação entre os motivos para a sua desistência. De resto, o estudo da UE mostra que é entre os ingressados na primeira opção que se verifica a menor percentagem de inativações. Pelo contrário, os estudantes que entram no ensino superior apenas na 3.ª fase têm maior percentagem de desistências.

Nos ciclos de estudos seguintes, são outros os factores que concorrem para o abandono dos estudantes. Nos mestrados, a desistência acontece associada sobretudo ao período final da formação (escrita de tese ou estágio). No casos dos doutoramento, são alterações na situação profissional a contribuir para uma saída antecipada do período de estudos. Esta investigação da Universidade de Évora começou por fazer uma análise estatística das bases de dados dos serviços académicos da instituição, enviando depois um questionário a todos os estudantes que nos últimos três anos viram a sua matrícula inactivada, ao qual responderam 900 antigos alunos. A informação foi depois complementada com entrevistas a estudantes que tinham abandonando a universidade.

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