Madeira e Açores vão falar a uma só voz em Lisboa e em Bruxelas

Regiões autónomas vão criar gabinete conjunto para representá-las na Europa e admitem juntar esforços no plano nacional em defesa das autonomias.

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Miguel Albuquerque pode aparecer nos Panama Papers DR

O presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, destacou esta segunda-feira a aproximação com os Açores, dizendo que, “unidas”, as duas regiões autónomas têm “mais força” e maior “acutilância”.

Falando no final da X Cimeira Atlântica, que juntou os executivos da Madeira e dos Açores, Albuquerque fez um balanço positivo dos três dias de encontros e reuniões, que se saldaram pela assinatura de 10 protocolos e pela decisão de criar, em Bruxelas, um gabinete conjunto para representar as duas regiões.

“Se juntarmos as nossas posições em objectivos comuns, teremos mais força e seremos mais acutilantes junto das instâncias certas, seja o poder do Estado, seja o poder da União Europeia”, referiu o chefe do executivo madeirense no Palácio dos Capitães Generais, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

Vasco Cordeiro, presidente do governo açoriano, destacou também a reaproximação dos dois arquipélagos, que não se encontravam desde 2007, considerando a cimeira um “passo significativo” que irá beneficiar a população de ambas as regiões.

“Estamos a construir uma união mais fraterna, uma união mais forte, uma união mais próxima entre madeirenses e os açorianos”, sublinhou o líder açoriano, ressalvando que, embora a relação das autonomias com Lisboa não possa ser excluída desta aproximação atlântica, o relacionamento entre Funchal e São Miguel não pode ficar circunscrito nem ser “instrumentalizado” em função dos outros.

Cordeiro pegou nas palavras de um ex-presidente norte-americano, John Kennedy, muito “querido” pelos açorianos, para frisar: “Não perguntemos aos outros o que podem fazer por nós, mas sim aquilo que nós podemos fazer por nós próprios”.

Exemplo, continuou Vasco Cordeiro, foram os 10 protocolos assinados durante a cimeira, de onde se destaca a criação de uma representação conjunta junto em Bruxelas. O objectivo, lê-se no documento assinado, é “assegurar uma maior racionalidade de recursos”, ao mesmo tempo que reforça a “capacidade de intervenção” na defesa dos interesses de ambas as regiões, que, como Albuquerque lembrou, partilham os mesmos problemas relacionados com a ultraperiferia e a autonomia.

Mas, apontou o governante madeirense, é preciso que os Açores, a Madeira e o próprio Estado olhem para as duas regiões autónomas como uma mais-valia. Portugal, disse Albuquerque, não pode esquecer o papel geostratégico que os dois arquipélagos têm, em termos de plataforma atlântica. O futuro, continuou, passa por aproveitar estes recursos.

Além da criação do gabinete junto da União Europeia, Funchal e Ponta Delgada firmaram acordos de cooperação em áreas como a agricultura e pescas, investigação, ambiente, cultura e protecção civil.

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