Nuno Crato vai explicar por que vale a pena ler Ferreira de Castro

Ex-ministro da Educação respiga A Curva da Estrada numa escola de Oliveira de Azeméis.

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Helena Cidade Moura aproveitou a Civitas para lançar um projecto que, de certo modo era a continuação da alfabetização popular - a promoção da literacia na sociedade Adriano Miranda

Um livro tem poder para inspirar alguém? Que ligação há entre um matemático e um escritor? Por que é importante ler autores clássicos portugueses? Perguntas para um orador. Nuno Crato, ex-ministro da Educação, promete dar conta do recado e mostrar a faceta de apaixonado pela literatura. Por que Vale a Pena Ler Ferreira de Castro? é outra questão e precisamente o tema da palestra em que participará nesta quinta-feira, pelas 15h, na Escola Básica e Secundária Ferreira de Castro, em Oliveira de Azeméis. Uma iniciativa integrada nas comemorações dos 100 anos de vida literária de Ferreira de Castro, nascido em Ossela, no concelho oliveirense, em 1898.

Nuno Crato não cai em Oliveira de Azeméis por acaso. Ilda Ferreira, directora da escola, recorda que há dois anos, na abertura do ano lectivo, o então ministro, ao perceber que ali as obras de Ferreira de Castro eram analisadas ao pormenor, informou que se tinha debruçado sobre o livro A Curva da Estrada nos seus estudos académicos, e mostrou disponibilidade para falar sobre a obra quando surgisse oportunidade. O dia chegou. “É um apreciador da obra, já fez um grande trabalho sobre o livro e é nesse contexto que dará uma aula doutoral para alunos e professores e aberta ao público”, diz a responsável.  

O ex-governante, doutorado em Matemática Aplicada, dissertará então sobre o romance A Curva da Estrada, suas personagens, contexto histórico. O título da obra remete para uma metáfora ligada a dúvidas existenciais: Álvaro Soriano, personagem principal da história passada em Espanha, é um velho deputado da oposição que está prestes a abandonar o seu partido para se filiar no Governo. No anúncio da presença de Crato, promete-se uma intervenção intimista e a revelação de pontos de contacto e de divergência entre tão importante figura da literatura portuguesa do século XX e o neo-realismo.

Nesta sexta-feira, Isabel Ponce Leão, professora na Universidade Fernando Pessoa, está na Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, em Oliveira de Azeméis, para falar de Ferreira de Castro, o jornalista, a partir das 21h30.

As comemorações dos 100 anos de vida literária de Ferreira de Castro prolongam-se até Janeiro de 2017 com conferências, exposições, lançamento de um selo e de uma medalha comemorativa, exibição de filmes, plantação de 100 árvores, leituras dramatizadas, peças de teatro inspiradas em obras do escritor. O Centro de Estudos Ferreira de Castro, instalado em Oliveira de Azeméis, lançou o repto a centenas de instituições nacionais para que marcassem a efeméride - recorde-se que a vida literária de Ferreira de Castro começou em Belém do Pará, no Brasil, com a publicação de Criminoso por Ambição, em 1916.

Várias entidades responderam afirmativamente e, dessa forma, o centenário é lembrado um pouco por todo o país. Carlos Castro, do Centro de Estudos, recorda a ligação do escritor à terra natal. “Transformou a casa onde nasceu em casa-museu que ofereceu ao povo. Em 1971, com o dinheiro que ganhou em dois prémios, construiu uma biblioteca, em frente à casa onde nasceu, que também ofereceu ao povo”. E o concelho oliveirense não o esquece. Os agrupamentos escolares têm diversas acções em torno dos seus livros, o corso carnavalesco das escolas inspira-se este ano na emigração do escritor, há um projecto para que os alunos do 4.º ano conheçam a sua vida e obra e ainda encontros em Maio com especialistas no assunto.

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