Cannes 2015 abastece Césars 2016

Trois Souvenirs de Ma Jeunesse, de Arnaud Desplechin, é o filme com mais nomeações: 11.

Fotogaleria
Quentin Dolmaire e Lou Leroy-Collinet estão nomeados como os estreantes do ano por Trois Souvenirs de ma Jeunesse
Fotogaleria
La Loi du Marché", de Stéphane Brizé, está nomeado para melhor filme, melhor realizador e melhor actor, Vincent Lindon, consagrado neste momento em França como heroi da acção moral
Fotogaleria
Huppert/Depardieu, o casal de Valley of Love
Fotogaleria
Emmanuelle Bercot/Vincent Cassell: o casal de Mon Roi

A “colheita” de Cannes 2015 abastece os candidatos aos Césars 2016, os prémios da indústria do cinema francês: Deephan, de Jacques Audiard, foi a Palma de Ouro; La Loi Du Marché, de Stéphane Brizé, Marguerite, de Xavier Giannoli, e Mon Roi, de Maiwenn, estiveram em competição; La Tête Haute, de Emmanuelle Bercot, abriu essa edição do festival (propondo uma variante de "filme social" na abertura); Trois Souvenirs de ma Jeunesse, de Arnaud Desplechin, Mustang, de Deniz Gamze Erguven, e Fatima, de Philippe Faucon, estiveram na Quinzena dos Realizadores. São eles os candidatos ao filme francês do ano, segundo a lista de nomeados anunciada em Paris. Os prémios vão ser entregues no dia 26 de Fevereiro no Théâtre du Châtelet, na capital francesa.

Com excepção de Faucon, os seus realizadores estão também nomeados: Audiard pelo périplo de um ex-guerrilheiro Tamil que se refugia em França a trabalhar como porteiro num bairro social; Brizé pela odisseia moral de um desempregado, Giannoli por uma espécie de biopic de uma personagem ficcionada, uma cantora de ópera convencida da magnificência do seu (inexistente) talento vocal, Maiwenn pelos traumas de uma relação conjugal, Emmanuelle Bercot pelas turbulências, à espera de socorro, da adolescência, Deniz Gamze Erguven pela crónica da demonização da sexualidade feminina numa aldeia turca (o filme francês candidato aos Óscares, está ainda nomeado como melhor primeira obra), Desplechin pelo regresso, em tom de aventura, à adolescência da personagem de Paul Dédalus de Comment je me suis disputé... (ma vie sexuelle), o seu filme de 1996. É o título que lidera em termos de nomeações, 11, destacando-se ainda a indicação dos seus jovens intérpretes, Quentin Dolmaire e Lou Leroy-Collinet, como os estreantes do ano (interpretam, respectivamente, a "juventude" das personagens que cabiam a Mathieu Amalric e Emmanuelle Devos no filme anterior). Pormenor para a pequena história: não tendo encontrado lugar na competição de Cannes, foi um acontecimento na Quinzena, no mesmo ano de As Mil e uma Noites, de Miguel Gomes, outra "vingança" da secção alternativa do festival.

Nos nomeados para o melhor actor, Vincent Lindon (La Loi du Marché, prémio de interpretação em Cannes) faz figura de favorito, estando a ser coroado na imprensa francesa neste momento, com a estreia do seu último filme, Les Chevaliers Blancs, como figura de acção moral – o filme de Brizé trabalha esse estatuto de Lindon, é verdade, e é sublime. Acompanham-no Jean-Pierre Bacri (La Vie Très Privée de Monsieur Sim)Antonythasan Jesuthasan (Dheepan), François Damiens (Les Cowboys), Fabrice Luchini (L’Hermine), Vincent Cassell (Mon Roi) e Gérard Depardieu (Valley Of Love).

Cassell e Depardieu são a parte de um "casal" cinematográfico e o que se passa com eles no ecrã é também o que se passa com elas, Emmanuelle Bercot e Isabelle Huppert, nomeadas na categoria de melhor actriz (o reencontro entre Depardieu e Huppert, várias décadas depois de Loulou, de Pialat, num filme que os coloca no Vale da Morte, nos EUA, "chamados" pela carta de um filho morto, é um emocionante jogo com a memória). Acompanham-nas Loubna Abidar, por Much Loved (filme que se interessa amorosamente por um grupo de prostitutas de Marraquexe –e por isso está proibido em Marrocos), Cécile de France (La Belle Saison), Catherine Deneuve (La Tête Haute), Catherine Frot (Marguerite), Soria Zeroual (Fatima).

Nas categorias secundárias, há Michel Fau (Marguerite), Louis Garrel (Mon Roi), Benoit Magimel (La Tête Haute), André Marcon (Marguerite) e Vincent Rottiers (Dheepan), de um lado, Sara Forestier (La Tête Haute), Agnès Jaoui (Comme Un Avion), Sidse Babett Knudsen (L’Hermine), Noémie Lvovsky (La Belle Saison), Karin Viard (21 Nuits Avec Pattie), de outro.

Para o César do Melhor Filme Estrangeiro, o vencedor sairá desta lista: Birdman, de Alejandro G Inarritu, Son Of Saul, de Laszlo Nemes, Je Suis Mort Mais J’ai des Amis, de Guillaume Malandrin e Stéphane Malandrin, Minha Mãe, de Nanni Moretti, Táxi, de Jafar Panahi, The Brand New Testament, de Jaco van Dormael, e Juventude, de Paolo Sorrentino.

Com nomeações ainda nas categorias de animação e guarda-roupa, a 41.ª edição dos Césars propõe, para Melhor Documentário, Le Bouton De Nacre, de Patricio Guzmán, Cavanna, de Denis and Nina Robert, Tomorrow, de Cyril Dion e Mélanie Laurent, A Imagem que Falta, de Rithy Panh, e Une Jeunesse Allemande, de Jean-Gabriel Periot.

 

Sugerir correcção
Comentar