Fantasporto abre em português e aposta na América Latina

A 36.ª edição do festival, que abre a 26 de Fevereiro, exibe 63 filmes em competição e dá especial atenção à música e à performance.

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Before the Rain, de Micho Manchevski

A 36ª Edição do Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto arranca a 26 de Fevereiro no Rivoli com a antestreia de Gelo, dos portugueses Luís e Gonçalo Galvão Teles, para uma edição onde estarão representados 40 países, com cerca de 200 filmes em exibição. Em destaque está a obra do realizador macedónio Micho Manchevski, prémio carreira deste ano, num festival que irá dar lugar especial à música e às artes performativas.

“O Fantasporto faz parte da minha memória cinematográfica, sempre foi uma referência”, diz Luís Galvão Teles, produtor e co-realizador de Gelo. Feito "a quatro mãos", em parceria com o filho, o filme, adianta o realizador, conta a “história de uma mulher que vive duas vezes”.

Do cinema de autor ao cinema amador, as temáticas dos filmes em exibição nesta 36ª edição do Fantasporto, que se estende até 5 de Março, centram-se em problemas da actualidade, como as migrações, o desenraizamento e a violência. Uma sessão especial, informalmente designada como Fantas for Peace, será dedicada à temática da paz, com obras alusivas à II Guerra Mundial, como é o caso de Exodus to Shanghai, de Michel Adam.

Entre os 67 países a enviarem filmes para a projecção no evento, 40 foram seleccionados, com ênfase para produções da América Latina, onde, de acordo com o director do festival, Mário Dorminsky estão os “novos nomes do cinema”. No total serão 63 filmes em competição, num total de cerca de 200, que incluem obras que estiveram em concurso ano passado noutros festivais, como o Unifrance e o Cinanima.

Quatro painéis de jurados serão responsáveis pela classificação de quatro secções diferentes em competição. Ao prémio do melhor filme português concorrem 12 curtas e uma longa, todas elas obras inéditas. Na secção Orient Express há seis filmes em competição – com obras das Filipinas, Coreia do Sul e Japão – a Semana dos Realizadores passa cerca de doze filmes, e o Cinema Fantástico dá espaço aos realizadores latino-americanos, fortemente representados nas longas.

O Pré-Fantas, aquecimento já conhecido do festival, tem início a 22 de Fevereiro com a exibição de Dust, de Manchevski, a primeira das quatro obras da retrospectiva do trabalho do realizador, que virá ao Porto participar do Festival. Beatriz Pacheco Pereira, da cooperativa Cinema Nacional, responsável pela organização do Fantasporto, sublinha que “se vai discutir muito cinema”, não só pelas conferências dos vários realizadores presentes, mas com a promoção de um encontro das principais escolas de cinema nacionais, onde o ensino da arte estará também em foco.

Da Universidade do Minho à Católica do Porto e à Lusófona de Lisboa, serão oito as universidades representadas, com mais de quarenta filmes em concurso para o prémio das escolas de cinema.

E porque o festival, nas palavras de Beatriz Pacheco Pereira, “também se faz nos corredores”, uma exposição de pintura de Augusto Canedo é inaugurada no dia da abertura e dois livros, de Luís Diogo e Danyel Guerra, também ele júri na categoria de filmes nacionais, serão apresentados durante o festival, cuja subtemática do ano é Música.

O fantasporto encerra com Before the Rain de Manchevski, Leão de Ouro em Veneza em 1994 e nomeado aos Óscares, será apresentado pelo próprio realizador na sessão de encerramento do Fantasporto.

O director não comentou a polémica à volta do processo que envolve a gestão financeira do  Festival. E também não revelou valores exactos do orçamento deste ano, adianta apenas que o Fantasporto “já custou um milhão de euros, há dez anos, quando havia caixas de filmes”, mas “neste momento não custa nem metade” . O apoio da Câmara Municipal do Porto é de 25 mil euros.

 

Texto editado por Luís Miguel Queirós

 

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