Charlotte Rampling diz que boicote aos óscares é racista para os brancos

A actriz britânica de 69 anos, que está nomeada nesta edição, é um dos membros da Academia com direito a voto. Academia de Hollywood anuncia planos para duplicar a presença de mulheres e representantes de minorias entre os seus membros até 2020.

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A actriz em Berlim em Dezembro passado a receber o Prémio de Melhor Actriz Europeia REUTERS/Clemens Bilan/Pool/Files

Durante uma entrevista que deu esta sexta-feira de manhã à rádio francesa Europe 1, a actriz Charlotte Rampling, que está este ano nomeada para o Óscar de Melhor Actriz Principal pelo filme 45 anos, do realizador Andrew Haigh, disse não compreender o apelo ao boicote da cerimónia dos óscares que se realizará no dia 28 de Fevereiro feito pelo realizador norte-americano Spike Lee. 

Em causa está a polémica de os Óscares estarem a ser acusados de racismo, já que pelo segundo ano consecutivo não há nenhum actor ou actriz negros entre os nomeados aos prémios. “Isso, em sentido contrário, é racista para os brancos. Nunca poderemos ter a certeza se é esse o caso, mas talvez os actores negros não mereçam chegar à lista final”, disse a actriz britânica, 69 anos, e que é um dos membros da Academia com direito a voto. 

Sobre a hipótese de se instituírem quotas no cinema de Hollywood, outra das propostas do realizador norte-americano, a actriz pergunta: “Porquê essa classificação das pessoas? Vivemos em países onde actualmente todos somos  mais ao menos aceites… há sempre problemáticas como ‘ele é menos bonito’ , ‘ele, é demasiado negro’, ‘ele é demasiado branco’… há sempre alguém para nos dizer ‘que somos demasiado’… E por isso vamos dizer que ‘vamos classificar tudo isso para fazer o pleno das minorias por toda a parte?”.

Quando a jornalista da Europe 1 insiste no assunto e lhe diz que a comunidade negra se sente uma minoria na indústria cinematográfica norte-americana, a actriz responde: “No comment”, sem comentários.

Em resposta à polémica instalada, a Academia de Hollywood anunciou nesta sexta-feira planos para duplicar a presença de mulheres e representantes de minorias entre os seus membros até 2020.   

“A Academia vai liderar e não ficar à espera da indústria para se actualizar”, revelou a presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Cheryl Boone Isaacs, num anúncio recebido com alguma surpresa no meio. Os planos passam por reduzir o poder de voto de alguns membros, recrutar novos elementos e criar no imediato três novos cargo de direcção num esforço para aumentar a diversidade no seu seio.

Ainda segundo a Academia, estas mudanças “vão dar aos novos membros a oportunidade de serem mais activos na tomada de decisões e ajudarem a organização a identificar futuros líderes”.

 

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