Políticos e curiosos despediram-se de Almeida Santos num dia de sol

Figuras conhecidas de todos os partidos marcaram presença no funeral do histórico socialista. Mas também houve cidadãos que se juntaram à última homenagem ao antigo presidente da Assembleia da República.

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Marcelo Rebelo de Sousa marcou presença Adriano Miranda
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Curiosos juntaram-se à última homenagem a Almeida Santos Adriano Miranda
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Luís Fazenda, António Filipe e Jorge Lacão estiveram no funeral Adriano Miranda
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Vieira da Silva e Fernando Medina estiveram na cerimónia Adriano Miranda
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António Guterres também marcou presença Adriano Miranda
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O funeral de Almeida Santos foi nesta quarta-feira em Lisboa Adriano Miranda
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O cortejo fúnebre a chegar ao cemitério do Alto de São João, em Lisboa Adriano Miranda
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Maria de Belém também esteve presente Adriano Miranda
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Manuel Alegre, Vera Jardim, Alberto Martins e Ramos Preto no funeral de Almeida Santos Adriano Miranda
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José Sócrates e Fernando Gomes no funeral de Almeida Santos Adriano Miranda
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Ferro Rodrigues e Faria Costa no funeral de Almeida Santos Adriano Miranda
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O cortejo fúnebre saiu da Basília da Estrela, passou pelo Parlamento, pelo Largo do Rato, rumo ao cemitério do Alto de São João, em Lisboa Adriano Miranda

Elisabete Gonçalves, 44 anos, costuma estar à porta do jardim da Estrela, em Lisboa, com o carrinho de castanhas. Nesta quarta-feira, há mais movimento, carros que chegam e partem, gente conhecida da televisão, curiosos. Às 13h ouvem-se os sinos na Basílica, pouco depois palmas, a urna está a sair. Novamente mais aplausos quando o carro funerário passa pela Assembleia da República. A cerimónia só acaba no cemitério do Alto de São João. Foram muitas as figuras da política nacional e também simples curiosos que marcaram presença no funeral do histórico socialista Almeida Santos.

No cemitério, onde o corpo do antigo advogado – que não quis cerimónia religiosa – foi cremado, os jornalistas ficam à porta, a família pede compreensão. Os grandes portões fecham-se, a Polícia de Segurança Pública controla as entradas e as saídas, e o trânsito. Há carros de exteriores das televisões, microfones. Quando o ex-primeiro-ministro socialista António Guterres entra no carro, os fotógrafos colam-se ao grande portão e disparam a uma velocidade tal que o barulho parece o de várias máquinas de escrever juntas.

Entre a Basílica da Estrela e o cemitério, ao longo da manhã e do início da tarde, são muitas as figuras da política nacional, de diferentes partidos, que marcam presença. Alguns exemplos: Cavaco Silva, Passos Coelho, Sampaio da Nóvoa, Cândido Ferreira, Isabel Moreira, Alberto Martins, João Cravinho, Ramalho Eanes e Manuela Eanes, José Sócrates... Mais: Adriano Moreira, Jorge Sampaio, Santana Lopes, Jorge Coelho, Manuela Ferreira Leite, Mota Amaral, José Ribeiro e Castro, Carlos César, Carlos Carvalhas, Ferro Rodrigues, António Filipe, José Luís Ferreira, Pedro Filipe Soares, Ana Catarina Mendes, Teresa Caeiro…

Apesar de ser difícil conseguir conversar com o ex-primeiro José Sócrates, que está sistematicamente a ser interrompido por gente conhecida e anónima que o quer cumprimentar, o socialista lá consegue expressar ao PÚBLICO a amizade e admiração que sentia por Almeida Santos. “Era um homem raro e singular e, por isso, há este sentimento”, diz, destacando as qualidades profissionais, políticas e humanas do seu “camarada”. “Era, em primeiro lugar, um grande jurista e advogado, gostava de se ver como jurista. Foi o grande jurista da democracia, da liberdade, da nossa Constituição. Por outro lado, era também um homem da política”, nota, acrescentando que era ainda “um grande homem da língua portuguesa, da geração dos políticos que escrevem bem”.

Fados na despedida
Também à porta da Basílica, o ensaísta e filósofo Eduardo Lourenço recorda ao PÚBLICO que era da mesma geração de Almeida Santos, ambos estudantes em Coimbra: “Ele estava mais adiantado do que eu, era ele, o Salgado Zenha…”, lembra, falando muito baixinho. Tantos “tornaram-se homens de Estado, homens das letras…”, continua.

Nem só figuras conhecidas marcaram presença na despedida do socialista que morreu na segunda-feira em casa, em Oeiras, aos 89 anos, sentiu-se mal depois do jantar. Maria Olinda, 70 anos, doméstica, está com a mão encostada à testa, a tentar proteger os olhos do sol para ver o carro fúnebre partir. É natural de Seia, cidade onde nasceu o antigo advogado. “É da minha terra, tenho uma grande admiração por ele e sou socialista.”

À porta do cemitério juntam-se outros curiosos. Matilde Barros, 61 anos, quis ir ao funeral, “por sentir muita admiração” por Almeida Santos que que via como alguém “simpático e bondoso”. Porém, quando chega, vê os portões fechados e acaba por ficar do lado de fora a ver quem entra e sai. E são muitos: Manuel Alegre, Pinto Monteiro, Maria de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa, Luís Fazenda… O primeiro-ministro António Costa estava em Cabo Verde, em visita oficial.

Na rua, em frente ao cemitério, e na direcção da Avenida Afonso III, consegue ver-se o rio Tejo ao fundo. Está um dia de sol. De dentro do cemitério, saem também, de capas negras aos ombros e instrumentos nas mãos, os músicos que cantaram e tocaram dois fados: Valsa para um tempo que passou, de António Portugal, pelo grupo Alma de Coimbra, e Ré Menor, de Almeida Santos, pela Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra.

Quem também marcou presença no funeral foi o ex-secretário-geral do PS António José Seguro. Citado pela Lusa, recordou Almeida Santos “como um dos principais protagonistas da construção da democracia portuguesa, da sua consolidação, e da edificação do Estado democrático de direito”.

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