Primeiro-ministro evoca Almeida Santos como "um africano por opção"

António Costa esteve no Tarrafal com o homólogo cabo-verdiano, que se referiu ao antigo ministro da Coordenação Interterritorial como "um homem maiúsculo e imprescindível".

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António Costa Foto: Enric Vives-Rubio/arquivo

O primeiro-ministro considerou esta quarta-feira que o presidente honorário do PS, Almeida Santos, foi um "africano por opção" e um opositor do fascismo que compreendeu que a luta pela liberdade em Portugal era "gémea" do combate ao colonialismo.

António Costa falava na Câmara do Tarrafal, na ilha de Santiago, no encerramento da sessão solene dedicada ao antigo ministro da Coordenação Interterritorial e de Estado, que faleceu na segunda-feira, com 89 anos.

Numa cerimónia que começou com um minuto de silêncio e que teve a participação do primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, António Costa definiu o presidente honorário do PS como um cidadão que "nasceu e cresceu beirão" e que se apaixonou por África na primeira visita que fez a Moçambique como membro dos Orfeonistas da Universidade de Coimbra.

"António Almeida Santos foi um africano por opção e África adoptou-o. Compreendeu que a luta pela liberdade em Portugal era gémea do combate ao colonialismo", declarou o primeiro-ministro.

António Costa referiu-se também ao facto de na terça-feira ter sido questionado se interrompia a sua visita oficial a Cabo Verde para estar presente nas exéquias fúnebres do antigo presidente da Assembleia da República. "Penso que a melhor forma de o homenagear foi mesmo prosseguir esta visita", rematou o líder do executivo português, já depois de o seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, ter salientado o contributo de Almeida Santos para a independência e democracia em Cabo Verde.

José Maria Neves referiu-se a Almeida Santos como "um homem maiúsculo, imprescindível e que lutou toda uma vida".

"O Tarrafal, que já simbolizou a barbárie e a perseguição, representa agora um traço de união entre os povos de Portugal e de Cabo Verde nas suas lutas pela liberdade", acrescentou.

No último dia em Cabo Verde, António Costa teve como primeiro ponto do programa a deposição de uma coroa de flores no mausoléu de Amílcar Cabral, tendo depois seguido na companha do seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves para a barragem de Figueira Gorda - uma obra construída e financiada por Portugal e que representou um investimento na ordem dos 3,7 milhões de euros.

Nesta deslocação a uma das quatro barragens da ilha de Santiago, António Costa ouviu a ministra do Desenvolvimento Rural de Cabo Verde, Eva Ortet, referir que o seu país tem um défice hídrico avaliado em seis milhões de metros cúbicos.

"Em Cabo Verde, haver ou não água faz toda a diferença. Queremos transformar zonas de sequeiro e áreas de regadio", disse a ministra cabo-verdiana, com o primeiro-ministro português a concordar, dando como exemplo o caso do Alqueva no Alentejo.

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