PS deixa Maria de Belém sozinha e sem máquina partidária

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Ao fim da primeira semana, surge a polémica sobre a equidistância prometida por António Costa entre Belém e Nóvoa Adriano Miranda

A campanha começou domingo, mas foi apenas na terça-feira que Maria de Belém se entregou ao contacto com pessoas fora da sua área de relacionamento, capitalizando apoios. Pela primeira vez, saiu da sua zona de conforto, fazendo uma pausa nas visitas a lares de apoio a idosos, creches e a hospitais. E a visita a uma empresa de malas e carteiras em São Paio de Oleiros, no concelho de Santa Maria da Feira, onde a maioria dos operários são mulheres, correu sobre rodas.

A ex-ministra da Saúde e da Solidariedade de António Guterres mudou o registo e apareceu mais descontraída e até afectiva, mostrando que a sua campanha tem a marca da proximidade. A visita terminou em tom de confraternização com os trabalhadores e a candidata juntos a posar para a fotografia ao som do novo slogan que escolheu para a sua candidatura: ”Vote bem. Vote Maria de Belém.”

Nesse mesmo dia, à noite, Jorge Coelho – socialista que disse que “quem se mete com o PS, leva” – apareceu para dar um safanão na campanha e dizer que a candidata que apoia “tem um pensamento estruturado, maturidade política e uma enorme experiência de 40 anos ao serviço da causa pública”. Então começou a correr nos bastidores da candidatura que havia uma grande surpresa para sexta-feira. O primeiro nome de que se falou foi o de António José Seguro, que escolheu Maria de Belém para presidente do PS, mas ninguém acreditou que o antecessor de António Costa na liderança do partido entrasse na campanha. O suspense manteve-se mas por poucas horas. A grande surpresa era, afinal, Manuel Alegre, que apareceu sexta-feira, em Santo Tirso, num jantar-comício com apoiantes.

Maria de Belém surgiu na sua primeira acção de campanha, em Alpiarça, no distrito de Santarém, com um apoio de peso: João Soares, ministro da Cultura. Para já, o único ministro a aparecer a seu lado.

A campanha arrancou com algumas debilidades, mas com o decorrer dos dias foi-se oleando mesmo sem máquina partidária, que apareceu, muito timidamente, apenas na quinta-feira, numa acção em Sintra. Depois do episódio do centro de apoio a idosos em Portimão, que ninguém sabia onde ficava, houve um empenho maior por parte da direcção de campanha. E nesse mesmo dia, à noite, voltou a acontecer um novo incidente: o café para onde estava marcado um encontro com a candidata estava fechado. Há 40 anos que fecha à segunda-feira. Foram os jornalistas a avisar a candidatura que o desconhecia. O encontro foi transferido para o estabelecimento ao lado e Maria de Belém comeu, como estava previsto, bifanas ao jantar. No dia seguinte, notava-se maior sentido de organização.

A meio da primeira semana de campanha, na inauguração da sua sede na Maia, Maria de Belém respondeu às críticas que lhe faziam sobre o facto de a sua agenda prever apenas visitas a locais em que joga em casa. Disse que já tinha feito testes de rua na pré-campanha e que a sua mensagem passa pela economia social.

Na sexta-feira, a candidata presidencial fez o seu primeiro teste de rua, mas a performance esteve longe das multidões que Mário Soares arrastava. Percorreu a feira da Nazaré, um terreno favorável ao PS, mas o partido, mais uma vez, mostrou que não está com a sua ex-presidente. A campanha de Maria de Belém segue na estrada sem propaganda e longe da máquina partidária.

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