Turquia
São crianças sírias e querem voltar para casa
Crianças refugiadas na Turquia desenharam a casa que deixaram para trás na Síria e para onde esperam ainda poder voltar, um dia.
Ilaf Hassun é uma menina de 9 anos que vive com a sua família e mais cerca de 3 mil pessoas – mil delas com menos de 12 anos - num campo de refugiados em Hatay, Turquia. A irmã tem sete anos e o pai trabalha ilegalmente noutra cidade, pelo que raramente as visita. Numa folha, Ilaf desenhou uma casa, árvores e nuvens a sorrir. No meio, a caneta vermelha, acrescentou a figura de uma mulher com a filha ao colo, a caminho de uma sepultura. O desenho de Ilaf é um exemplo entre milhares de crianças traumatizadas com a guerra na Síria. Cerca de 2,3 milhões de pessoas vivem refugiadas na Turquia, mais de metade são crianças. Assegurar apoio psicológico e abrigo para todas é um dos maiores desafios das autoridades turcas. “Temos de arranjar uma maneira de fazer com que as crianças esqueçam a guerra e aquilo que viveram”, disse Ahmet Lutfi Akar, presidente da organização humanitária “Turkish Red Crescent”. “Estas crianças estão a crescer nos campos. Temos de lhes ensinar que os problemas podem ser resolvidos sem violência. E temos de apagar as marcas da guerra”, acrescentou. O sonho de várias crianças sírias nos campos de refugiados não é ir para a Europa mas voltar para casa. "A Síria é mais bonita do que aqui", diz Ali Addahar, com 9 anos. Ahmet Cemal, de 12 anos, recorda a sua casa. "A nossa casa era bonita. Éramos felizes lá". Gays Cardak, um menino sírio de 6 anos, quer ajudar o seu país com aquilo que está aprender numa escola turca. “Vou ser médico e engenheiro. Vou reconstruir a Síria e levar os soldados para o hospital”, disse Gays, embrulhado num pequeno casaco de inverno, no meio do frio.