Nóvoa: “Não aceitarei diminuições da soberania sem referendo”

Agora no distrito de Santarém, a campanha encontrou um “talismã”. E Jorge Lacão lançou um raro ataque político a Marcelo Rebelo de Sousa.

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Nóvoa: "Nós trazemos o civismo contra o cinismo” Nuno Ferreira Santos
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Lacão foi contundente na crítica a Marcelo Nuno Ferreira Santos
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Ao quinto dia, a campanha de António Sampaio da Nóvoa encontrou José Coelho, o mandatário concelhio de Coruche, e “um talismã”. “Este é um local talismã. Os candidatos de que fui mandatário foram sempre Presidentes”, disse, na inauguração da sede da candidatura, na Rua de Santarém, a principal via pedestre da cidade. Coelho foi mandatário de Mário Soares, em 1991, e a vitória foi categórica. Desta vez, “se não for à primeira, é Presidente à segunda volta”, garante.

Como quase sempre, até agora, a campanha encontra ruas com pouca gente. Mas Nóvoa é recebido com simpatia. Pedem-lhe que autografe uma bandeira nacional. “Vamos embora!”, diz-lhe uma senhora que o abraça, “nós precisamos de um Presidente que olhe por nós”.

Nóvoa quer passar outra mensagem, a da participação: “Não podemos continuar com estes níveis de abstenção. Ou nos salvamos a nós ou ninguém nos salvará”, repetiu, em Coruche.

Mas o tema forte acabou por ser lançado por Coelho, enquanto apresentava o candidato na sede: “Soberania.” Nóvoa diria mais tarde aos jornalistas que tem dúvidas sobre a forma como foram tomadas algumas decisões que limitaram a soberania portuguesa. Recusando centrar-se no passado, deixou uma promessa para o futuro, caso seja eleito: “Não aceitarei diminuições significativas da soberania nacional sem que isso seja submetido a referendo.”

O apoio dos autarcas
Sempre acompanhado pelos dirigentes locais do PS, o presidente da câmara Francisco Oliveira e o seu antecessor Dionísio Mendes (actual presidente do clube local), pelo vice-presidente da Assembleia da República Jorge Lacão e pela deputada e dirigente da federação de Santarém Idália Serrão, o candidato começou o dia no Observatório do Sobreiro e da Cortiça, onde recebeu uma bola de futebol feita daquele material que a região de Coruche produz em abundância.

Nóvoa agradeceu o apoio dos autarcas e realçou que essa é uma das marcas da sua campanha: “O apoio dos autarcas é muito importante porque uma das marcas desta candidatura é a proximidade. E ninguém como os autarcas representa essa proximidade com as populações.”

Falando num almoço com cerca de 200 apoiantes, Jorge Lacão criticou as outras candidaturas pela forma como encaram o papel do Presidente da República. “O nosso Estado democrático não tem chefe. Cada órgão de soberania exerce as suas funções dentro do princípio da separação de poderes. Por isso, o Presidente não é um órgão eleito para mandar. É um órgão eleito para cumprir e fazer cumprir a Constituição.”

Ataque a Marcelo
Lacão elogiou Sampaio da Nóvoa e o seu “comportamento exemplar” e partiu para um discurso de ataque a Marcelo. Lembrando a época em que Marcelo liderava o PSD e se propunha “fazer a revisão constitucional em 15 dias”, como “moeda de troca para a viabilização dos orçamentos”, Lacão acusou o candidato adversário de usar “a constituição do país como moeda de troca para as suas ambições partidárias”.

“Qual foi a herança política de Marcelo? Um combate sem tréguas à regionalização”, continuou Lacão. “Quem foi que, no exercício de uma função política, atrasou por uma década a reposição da dignidade das mulheres? Marcelo Rebelo de Sousa”, acusou o deputado, lembrando outro referendo que Marcelo negociou com Guterres, o da despenalização da interrupção voluntária da gravidez.

Em Abrantes, Nóvoa garantiu que é preciso "debater o país". Lembrando a sua visita a vários "bons exemplos", como o desta manhã em Coruche, sobre a utilização da cortiça, Nóvoa disse que "temos de trazer estes bons exemplos para a regra do país". "É esse país que é capaz" que Nóvoa quer promover, a partir de Belém. "Não me ouvirão a acrescentar mais desânimo a tanto desânimo que temos por aí."

"Sou um candidato cidadão e tantas vezes tenho sido criticado, como viram nos debates. Avancei quando a minha consciência o ditou e sou apenas dependente das minhas convicções, causas e princípios." Mas Nóvoa quis salientar uma "originalidade": a atitude de Marcelo, que pede "às pessoas do partido de que foi presidente" para não fazerem campanha consigo. É "tacticismo" e "ingratidão", critica Nóvoa. "Nós trazemos o civismo contra o cinismo. Estamos a fazer a demonstração de que a democracia pode vencer o desânimo. Não deixem ganhar a ideia de que o país é sempre dos mesmos."

"Como tantas vezes me diz o [constitucionalista] Jorge Miranda, não use a expressão chefe do Estado, use a expressão primeiro servidor dos portugueses", concluiu Nóvoa, afirmando o desejo de ser "o Presidente cidadão".

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