Livraria Lello com entrada livre na celebração do 110.º aniversário

Inaugurada em 1906, a Lello tornou-se património histórico do Porto e foi classificada como monumento de interesse público em 2013.

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Há vários anos que Antero Braga vinha dizendo que tencionava passar a cobrar a entrada aos turistas Nelson Garrido

A mais antiga livraria do Porto comemora esta quarta-feira 110 anos de história com entrada livre, em clima de festa e de ode às artes, na presença do ministro da Cultura, João Soares. Das 10h às 21h, música e declamação celebram a história da livraria, para a qual serão convocados Camilo Castelo Branco e Florbela Espanca.

Para os que passarem em frente à Lello & Irmão, na Rua das Carmelitas, no dia em que a livraria comemora um século e uma década de portas abertas, está reservado um pouco de literatura gratuita com a distribuição de cerca de cem exemplares de A Lágrima, de Guerra Junqueiro.

Quem não conhece o interior do edifício, que, mais do que uma livraria, se tornou património histórico portuense, pode ao longo do dia visitar o espaço gratuitamente pela primeira vez desde que, em Julho do ano passado, o acesso passou a ser pago. Adaptando-se à nova realidade do turismo e às dificuldades do sector livreiro, a Lello cobra regularmente 3€ aos visitantes, e criou um cartão de Amigo, que custa 10€ dedutíveis em compras ao longo do ano, para clientes fiéis.

Classificada como monumento de interesse público e considerada uma das mais bonitas do mundo pela imprensa internacional – desde o The Guardian, à revista Time e à CNN – a livraria foi palco de tertúlias e espectáculos ao longo dos anos, e é com as artes que celebra o aniversário. Para além da poesia, o quarteto de saxofones da Banda Sinfónica Portuguesa e momentos de representação marcarão o evento. O vinho do porto, os pastéis de nata e os jesuítas levam a gastronomia portuguesa a acompanhar a literatura nacional.

Concebido em 1906 para acolher as altas estantes de livros que revestem as suas paredes, o espaço distribui-se por dois pisos, ligados por uma emblemática escadaria de madeira, sob  um imponente tecto. Aos primeiros mil visitantes do dia de aniversário, a livraria oferece um coleccionável de fotografias antigas, tiradas no dia da inauguração, 13 de Janeiro de 1906.

Mais de cem anos depois, a arquitectura neogótica da fachada e todo o interior da Lello - que inspirou J. K. Rowlling para os livros de Harry Potter – mantêm-se num excelente estado de conservação e têm atraído milhares de turistas. Dos bustos de grandes nomes da literatura aos bancos de madeira revestidos a couro, até aos livros antigos e religiosamente conservados, a Lello sopra as velas com toda a saúde. 

Texto editado por José António Cerejo

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