Cartas à Directora

Corrida a Belém

Depois de quase uma vintena de candidatos a Belém, restam somente dez para disputarem a final. Duas senhoras e oito cavalheiros, que acho em demasia, uma vez que não vislumbro uma mais-valia para se ocupar um lugar, que deveria ser a excelência máxima do topo da Nação, mas que se tem pautado pela mediania, mau grado para todos nós. E nada de positivo tem sido dito acerca de tal alto cargo, outrossim, os candidatos atacam-se em picuinhices de bairro em defesa de cores clubísticas, ou jogando com cartas fora do baralho. Gostaria de lhes ouvir dizer que, ‘se eu for o próximo presidente da república, reduzirei drasticamente o número de colaboradores que compõe a ‘corte’ do Palácio Cor-de-Rosa, e limitarei ao mínimo as mordomias, que são tão caras ao povo para as sustentar. Serei honesto e honrado q.b. perante todas as decisões que venha a tomar, e que estejam contempladas na Constituição, a Lei Fundamental da República Portuguesa’. Portanto, não é necessário tanta conversa fiada, mas sim, honestidade e rectidão acima de tudo, para o desempenho da função a que se propõem.

José Amaral, VNGaia

 

A prova dos nove

Sempre pensei, que para ser candidato à Presidência da Republica, a nossa Constituição, definia no seu artigo 4º que basta ser português, ter mais de 35 anos e 7500 assinaturas a propor tal candidatura. Porém, tenho lido e ouvido várias críticas pelo facto do candidato Marcelo ter mais visibilidade que os demais, graças à sua carreira de comentador, e com isso, ter mais vantagens que os outros candidatos. Ora os debates televisivos e radiofónicos, têm demonstrado precisamente o inverso pois o grupo dos nove candidatos usam como arma de arremesso tudo aquilo que Marcelo opinou naquela actividade durante mais de 20 anos, sendo porém omissos na divulgação de ideias, iniciativas e na ajuda que tencionam dar na resolução dos gravíssimos problemas que Portugal enfrenta. Para além daquele “defeito”, não esquecem quem foi o seu progenitor, lançam o papão dos apoios do centro/direita, e reparem, são os mesmos que acham Cavaco uma esfíngica figura e acusam agora Marcelo de se mexer muito na cadeira e vejam lá este pormenor, de ser mais vezes para a direita. Por isto tudo, irá ser fácil fazer a escolha entre os dez candidatos: com uma simples prova dos noves, resolvo o problema. Confiram: 10 noves fora, 1. Agora, só falta um comentador armado em Pitágoras a contestar as minhas contas.

Jorge Morais, Porto

 

É preciso que haja alegria

“É preciso que haja alegria nas pessoas”. O diagnóstico de Freitas do Amaral sobre o sentimento de satisfação em falta na sociedade portuguesa e na campanha presidencial demonstra um político atento à insatisfação da generalidade dos portugueses. É certo que a crise ajudou a essa frustração. Contudo, convém recordar que os 48 anos de ditadura não foram de sorrisos. A guerra colonial, a emigração e os sucessivos escândalos da alta finança de alegre nada têm. A alegria não é tema recorrente nas arenas políticas e é pouco cantada na poesia portuguesa. O eterno Fernando Pessoa que tantos corações alegra, no poema Insónia escreveu: “…Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste/ Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança/ Segundo a velha literatura das sensações…”

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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